Quando o assunto é envelhecimento da população, existe uma invisibilidade das pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgêneras no Brasil. Segundo o coordenador do Ambulatório de Saúde da Pessoa Idosa do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), o geriatra Milton Crenitte, ocorre um duplo preconceito em relação a essa parcela da população: primeiro, por sua faixa etária e também por sua orientação sexual e identidade de gênero.
Em entrevista, o geriatra aponta que políticas públicas devem ser pensadas para atender essa população de forma interseccional, abrangendo diversos aspectos. “É muito diferente uma experiência de um homem idoso, branco e gay morando no centro de São Paulo se comparada a de uma mulher, negra e trans vivendo na periferia da cidade”, exemplifica.
Crenitte estuda sexualidade e envelhecimento LGBTI+ e é voluntário da ONG Eternamente Sou, voltada a esse público idoso. Em sua pesquisa de doutorado, em andamento, o médico analisou sete mil questionários sobre envelhecimento e acesso à saúde, distribuídos em todos os estados brasileiros. Os dados revelam que ter mais de 50 anos e pertencer ao grupo LGBTI+ no país diminui a chance de um bom atendimento, problema agravado pela falta de uma rede de apoio.