Marcelo Abud
O projeto “Mãos Empenhadas contra a Violência” foi criado pelo Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul, região centro-oeste do país. A ação capacita cabeleireiros, manicures e esteticistas para que ajudem mulheres a identificarem quando são vítimas de qualquer tipo de agressão física ou psicológica. “A iniciativa visa o apoio da sociedade a essas vítimas, ao capacitar profissionais da beleza para que entendam a gravidade do tema e saibam como orientar”, afirma a juíza, responsável pela Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (MS) e pela primeira Vara de Medidas Protetivas do país, Jacqueline Machado, ouvida pelo Instituto Claro.
Também no podcast, você acompanha o depoimento do cabeleireiro Emannuel Álvares, que faz parte das centenas de voluntários do “Mãos empenhadas”. “O treinamento nos ensina a encorajar a mulher a denunciar. Só assim vamos lutar contra isso”, diz.
Todo semestre é feita a capacitação em dezenas de salões, ampliando o alcance do treinamento, para que se identifiquem indícios de agressões, como uma mancha no corpo ou um comportamento de fragilidade da cliente. Segundo a juíza, a ação passou a contar neste ano com a parceria do Senac, que oferece o conteúdo em seus cursos profissionalizantes na área de estética. “O projeto também está sendo replicado em vários estados, como Piauí e Pará. E está em fase de estudo em Goiás e Rio de Janeiro, além de cidades como Foz do Iguaçu e Barueri”, indica Machado.
Com isso, um número cada vez maior de profissionais de beleza está apto a explicar às mulheres que tipos de violência doméstica existem, como acontece um relacionamento abusivo e como sair dele, situações que às vezes parecem normais às vítimas. “Os crimes mais comuns são agressão física e ameaça moral ou psicológica. Ao identificar qualquer um deles, os voluntários orientam sobre como pode ser feita a denúncia.”
Para ela, o que causa a violência de gênero e o feminicídio é o machismo estrutural da sociedade, em que o homem é o chefe da família. “Nós temos até hoje várias pessoas que acreditam que as mulheres devem viver dentro de casa, além da dificuldade delas ascenderem a cargos políticos. Neste quesito, estamos atrás de muitos países, inclusive alguns muito mais pobres do que o Brasil”, conclui a juíza ao defender a necessidade da expansão do projeto.
Créditos:
Os áudios utilizados no podcast, por ordem de entrada são: “Maria da Vila Matilde” (Douglas Germano), com Elza Soares; “Me Estuprem” (Toni Belloto/Sergio Britto), interpretada por Luiza Possi e Titãs; Spot da Campanha “Mulheres Caladas”, da Ong Themis; e “Respeita as mina”, Kell Smith. A música de fundo é de autoria e execução de Reynaldo Bessa.
Crédito das imagens: Comunicação/TJ-MS