Marcelo Abud
Imagine a história de um menino cujos mãe e pai se separam. A mãe vai morar em outra cidade e o garoto, então, passa a viver com o pai. Lá, Naldo conhece um amigo muito simpático e legal que mora no mesmo lar. Aos poucos, o menino percebe que, na verdade, o pai é casado com esse homem. Essa é a base do enredo de “Meus dois pais”, escrito pelo jornalista e autor de novelas Walcyr Carrasco. Lançado há uma década, em 2018, o livro ganha uma nova edição com ilustrações criadas por Ana Matsusaki.
Em entrevista ao Instituto Claro, o autor explica o que o estimula a escrever. “Todos os meus livros falam de liberdade e superação de preconceitos, porque essa é uma questão importante para mim”, afirma. Foi essa motivação que o levou a relançar “Meus dois pais”, visto que ainda hoje há uma boa quantidade de pessoas que não aceitam essas configurações familiares e, segundo ele, vive-se no país atualmente uma onda conservadora que precisa ser combatida. “A questão religiosa no Brasil está virando uma questão política e não poderia ser, porque somos um estado laico”, defende.
A dificuldade inicial que Naldo tem para aceitar a nova situação vem do preconceito, principalmente, dos pais dos amigos da escola. Tudo muda quando o menino ganha um bolo de presente de aniversário feito pelo seu “segundo pai” e percebe o quanto é amado por seus dois pais.
No podcast, Walcyr Carrasco revela ainda se escolas que adotaram a obra sofreram represália dos pais e o quanto as crianças estão mais preparadas do que os adultos para aceitar famílias com novas configurações.
Créditos:
As músicas utilizadas na edição do áudio, por ordem de entrada, são: “Paula e Bebeto” (Milton Nascimento / Caetano Veloso), “Flutua” (Johnny Hooker e Liniker), “Pai e mãe” (Gilberto Gil) e “Todo amor que houver nessa vida” (Cazuza).