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Marcelo Abud

O Brasil possui mais de uma centena de bancos comunitários de desenvolvimento (BCDs), distribuídos por todas as regiões do país. Pioneiro na iniciativa, o Banco Comunitário Palmas foi fundado em 1998 no Conjunto Palmeiras, um bairro da periferia de Fortaleza (CE) que conta com cerca de 35 mil habitantes. “Era um lixão a céu aberto, sem nenhuma infraestrutura urbana, com milhares de pessoas sem água, sem saneamento, vivendo em barracas de palha”, afirma o educador popular, líder comunitário e fundador do banco, Joaquim Melo, ouvido pelo Instituto Claro neste podcast.

O ex-seminarista chegou ao local em meados da década de 1980, quando participava do programa “Padres na Favela”. Ele encontrou um cenário de extrema pobreza e com alto índice de mortalidade infantil. Ao participar de assembleias e fazer uma pesquisa, Melo percebeu que o problema era que 90% das pessoas compravam fora do bairro. “Então começou a criar aquele sentimento: ‘vamos comprar um do outro’, ‘vamos produzir uns para os outros’. Isso passou a estimular o conceito de economia solidária, que tem o objetivo de garantir microcréditos para produção e consumo locais, com taxas de juros mínimas e sem requisitos para inscrição, comprovante de renda ou fiador.

Comunidade aguarda por atendimento no Banco Palmas, no Ceará

 

“A confiabilidade do tomador é garantida por vizinhos”, destaca. “Os moradores começaram a comprar do comércio local, que passou a produzir mais. A partir daí, surgiram pequenas empresas e a gente foi montando nosso fundo, com a filosofia de emprestar tanto para quem produz quanto para o consumidor do bairro”, explica Melo.

Os BCDs estão presentes também em ilhas ribeirinhas na Amazônia e nas periferias do Rio Grande do Sul, passando por comunidades quilombolas, indígenas, assentamentos, vilas de pescadores, territórios rurais e urbanos. Gerar mercado para as pequenas e médias empresas dinamiza a economia local. “Conseguimos ser hoje modelo de desenvolvimento para muitos outros bairros neste país. E vemos, principalmente, uma melhora na organização, na autoestima e na capacidade natural de resolver os próprios problemas”, conclui Joaquim Melo.

Moeda social contribui para o crescimento econômico e social da comunidade

 

No áudio, o Instituto Claro entrevista também o economista e professor titular de pós-graduação da PUC-São Paulo, Ladislau Dowbor, que cita os benefícios do dinheiro local para o crescimento econômico e social de uma comunidade. “Você tira os intermediários, e tudo aquilo que seria drenado pelas taxas de juros do sistema financeiro tradicional se transforma em capacidade de compra pras pessoas”, atesta o especialista.

Links:
Cartilha Metodologia de implementação de Bancos Comunitários de Desenvolvimento
Curso “Pedagogia da Economia”, com Ladislau Dowbor (gratuito)

Créditos:
As músicas utilizadas na edição do podcast, por ordem de entrada, são “Prelúdio” (Raul Seixas); “Moeda social palminhas” (Grupo Palmeré, do Conjunto Palmeiras); “Raízes de Angola” (Parahyba), com Cia. Bate Palmas; “Aqui e agora” (Gilberto Gil). A trilha de fundo é composta e tocada por Reynaldo Bessa.

Crédito das imagens: arquivo Banco Palmas

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