Marcelo Abud
De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, mais de 95% das crianças e jovens que aguardam uma família para adoção têm mais de 7 anos de idade, enquanto o perfil preferido pelos pretendentes é por crianças de até 6 anos. Este quadro relevante faz com que o estado seja o terceiro em número de adotandos no Brasil, atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ainda no RS, mais de 600 crianças e adolescentes esperam por um lar e 6.200 candidatos desejam adotar.
Iniciativas que buscam reverter essa realidade têm sido propostas por tribunais de justiça de todo o país. Entre as ações do TJRS, uma delas é o desenvolvimento do aplicativo “Adoção”, em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e o Ministério Público local.
Neste podcast, o Instituto Claro conversa com a juíza corregedora, responsável pela coordenadoria da infância e juventude do Tribunal de Justiça gaúcho, Nara Saraiva. Para ela, esta adoção tardia ganha facilidade, principalmente, a partir do momento em que esses adotandos fora do perfil são tirados de uma condição de invisibilidade e trazidos para uma realidade de inclusão pelo auxílio do programa.
“Os pretendentes que já estão habilitados pelo Cadastro Nacional de Adoção (CNA) podem visualizar fotos, vídeos e cartas das crianças e adolescentes”, ressalta ela. Já os interessados em adotar e que ainda não estão na base de dados do CNA, têm acesso a informações e orientações sobre o tema.
Além do aplicativo, outra atividade do TJRS diz respeito a uma campanha homônima e inspirada no Judiciário recifense (PE). “O ‘Adote um pequeno torcedor tchê’ leva vídeos a campos de futebol para que possíveis pretendentes visualizem essas crianças e adolescentes, o que deve flexibilizar o perfil esperado por eles”.
Segundo a juíza, em maio de 2019 – entre guardas, aproximação e adoção – o aplicativo viabilizou a possibilidade de acolhimento de adotandos desde o lançamento em agosto de 2018.
Créditos:
Os trechos de músicas utilizados na edição deste podcast, por ordem de entrada, são: “Quando te vi”, Beto Guedes; “Ao que vai chegar”, Toquinho; “A Casa é sua” (Arnaldo Antunes e Ortinho), com Arnaldo Antunes; “Felicidade”, Chico César e Marcelo Jeneci; e “Dia Branco”, (Geraldo Azevedo), com Elba Ramalho. O áudio do depoimento de Luiz Cauã Moreira da Silva foi extraído de matéria da TV Justiça sobre o Projeto Adote um Pequeno Torcedor Tchê, no YouTube. A música de fundo é de Reynaldo Bessa.
Crédito da imagem principal: Motortion – iStock