Eliane Barros
Com referências e reflexões sobre as estruturas que formam e perpetuam a cultura da violência contra as mulheres, a psicóloga e coordenadora da Sempreviva Organização Feminista (SOF) Nalu Faria, apresenta uma websérie com três episódios com cerca de 10 minutos cada. Os vídeos fazem parte da campanha “Sem culpa, nem desculpa! Mulheres livres da violência!”, realizada pela SOF, em parceria com a Marcha Mundial de Mulheres, e que, desde 2017, vem produzindo materiais formativos e organizando espaços de reflexão e formação em diversos estados do país.
No primeiro episódio, “Capitalismo patriarcal e racista”, Nalu caracteriza a estrutura da sociedade em que vivemos e seus impactos na vida das mulheres. À luz de pensadoras como Simone de Beauvoir, Helena Hirata e Danièle Kergoat, a psicóloga explica as relações de poder que contribuem para a naturalização de papeis sociais de gênero: reprodução e cuidados no que tange à vida privada para mulheres, e lugar público e êxito econômico para os homens.
Em “Gênero, sexualidade e família”, segundo episódio da série, Nalu retoma esse conceito de divisão sexual do trabalho para discutir o controle sobre as vidas e sexualidades das mulheres. O que o feminismo faz enquanto teoria e prática, explica a coordenadora da SOF, é justamente questionar essa divisão e hierarquia, ressaltando que elementos ideológicos, simbólicos e culturais de representação do masculino e do feminino foram sendo construídos ao longo da história a fim de controlar e manter as mulheres no espaço privado. Nalu ressalta, nesse processo, o papel da família e demais instituições da sociedade na manutenção da ideia de mulher frágil e passiva e de homem forte e ativo, a qual influenciou a construção heteronormativa da sexualidade centrada no desejo masculino. A psicóloga defende, assim, a necessidade de questionarmos o ideal de amor romântico e suas representações que começam desde a infância, com as histórias de princesas e seus príncipes encantados.
No terceiro e último episódio da websérie, “Dimensão sistêmica da violência”, Nalu explica como o modelo social permite a construção de relações violentas, e relaciona a violência contra as mulheres com as engrenagens que fazem funcionar a sociedade como é hoje.