Leonardo Valle

Um levantamento de 2017 da Organização das Nações Unidas (ONU) apontou que o planeta possui, atualmente, 7,6 bilhões de habitantes, com perspectiva de atingir 8,6 bilhões em 2030. Pois o superpovoamento impacta, diretamente, os recursos naturais disponíveis na Terra.

“A produção de bens de consumo para esta população já excedeu a capacidade do planeta em renovar os seus recursos no tocante da restauração da biosfera. Isso impacta a civilização atual baseada no consumo e no descarte de produtos, a maioria das vezes, de forma incorreta”, informa o coordenador do curso de ciências biológicas do Complexo Educacional FMU Allan Pscheidt. “Para suprir as necessidades da população, seriam necessários os recursos disponíveis em três planetas Terra, sinalizando o grande problema que estamos enfrentando”, alerta.

Contra esse modelo, vem ganhando força o princípio da economia colaborativa ou também chamada compartilhada. Nela, um produto ou serviço passa a ser utilizado por mais de uma pessoa, seja por empréstimo ou mediante uma taxa de “aluguel”. “Podemos pensar como consumo colaborativo todos os tipos de produtos e serviços que possam ser compartilhados. Alugar um vestido de festa é um bom exemplo, visto que muitas mulheres não utilizam um vestido de gala mais de uma vez”, exemplifica a docente do Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande (MS) e doutoranda em meio ambiente e desenvolvimento regional Michelle da Rosa Lopes.

“Também pensamos em consumo colaborativo quando há formas de dividir aquele bem que não pode ser mais aproveitado pelo cliente de origem, podendo ser vendido para outro. É o caso, por exemplo, dos brechós”, acrescenta.

Crescimento no Brasil

Em 2017, uma pesquisa conjunta do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revelou um crescimento do consumo colaborativo no Brasil. De acordo com o levantamento, 40% dos entrevistados já haviam conheciam ou haviam  substituído a tradicional hospedagem em hotel pelas casas de terceiros. Além disso, 39% já usaram caronas para o trabalho ou escola, 31% alugaram roupas e, 17%, bicicletas. Por fim, 79% afirmaram que a economia compartilhada “facilitava a vida”.

“Analisando esse pensamento do uso e da troca, há uma tendência da nova geração para usar e dividir produtos”, analisa Lopes. “Ao observar o que pode ser dividido ou alugado, o consumo colaborativo otimiza o aproveitamento do bem de consumo”, aponta.

Entre os benefícios, também está a redução de custos e despesas, já que o uso de um serviço compartilhado, em geral, sai mais em conta do que adquirir um novo e exclusivo. “Dessa forma, o hábito auxilia de forma econômica e sustentável”, pontua Lopes.

As possibilidades de exercer a economia colaborativa também incluem: ouvir músicas online, por serviços de streaming, ao invés de adquirir CDs e DVDs; dividir a mesma caixa de ferramentas entre todos os moradores de um prédio; locais de trabalho que podem ser compartilhados (coworking) e feiras de trocas de livros.

A tecnologia também pode ser uma parceira para o exercício dessa prática. “No Brasil, encontramos diversos sites e aplicativos que atuam com esse modelo e facilitam a entrada de novos usuários da economia compartilhada, seja para trocar produtos, emprestar, comprar a preços mais acessíveis, oferecer serviços”, diz coordenadora adjunta do CST em Marketing do Complexo Educacional FMU Daniella Orsi.

Segundo ainda Pscheidt, optar por compartilhar e dividir itens são uma forma prática de contribuir com a preservação do meio ambiente. O hábito, por exemplo, reduz a emissão de gás carbônico na atmosfera, que acontece durante o transporte das matérias-primas e dos produtos que saem das fábricas. “A produção de novos artigos também depende da utilização de um grande volume de água, causando impactos ambientais que não são diretamente observados pela população”, complementa.

Saiba mais:
4 sites e aplicativos que facilitam a troca de usados

Crédito da imagem: Author – iStock

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