Leonardo Valle

Item comum na cozinha do brasileiro, a esponja de lavar louça é composta por materiais plásticos de difícil reciclagem. Por esse motivo, o produto é recusado nas coletas seletivas e, geralmente, termina seus dias sobrecarregando aterros sanitários.

“Um resíduo só pode ser considerado reciclável quando os custos logísticos e de processamento são inferiores ao valor de venda do material reciclado. Como, por exemplo, acontece com as latinhas de alumínio”, esclarece a gerente de relacionamento da TerraCycle Brasil, empresa de soluções para resíduos de difícil reciclabilidade, Renata Ross. “Contudo, este não é o caso da esponja, composta por espuma polimérica e poliuretânica”, afirma.

Contra o problema, a companhia e a marca Scotch-Brite, da 3M, criaram um Programa Nacional de Reciclagem de Esponjas. “Como esse item possui um material de alta complexidade, foi necessário desenvolver uma tecnologia que permitisse a reciclagem desse resíduo, sem a necessidade de separação dos diferentes tipos de componentes”, esclarece Ross.

Em funcionamento desde 2014, a iniciativa atende a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/10), que estipula aos fabricantes implementarem sistemas de logística reversa para recolher seus produtos pós-uso, independente dos serviços públicos de limpeza. Por meio do projeto da TerraCycle, o consumidor de todas as regiões do país pode enviar gratuitamente suas esponjas – independente de marca e tamanho – para serem recicladas.

“Para encaminhá-las basta coletar a quantidade mínima de 500 gramas, colocá-las em uma caixa de papelão, imprimir a etiqueta pré-paga em nosso site, colar a etiqueta na embalagem e levá-la até qualquer agência própria dos Correios”, ensina.

Após a reciclagem, o item dará origem a novos produtos plásticos, como baldes, bacias, pás de lixo e lixeiras. Mas para isso, enfrenta um longo percurso. “As esponjas passam por uma esteira de moagem, onde são fragmentadas, e depois vão para um triturador. As partículas ultrafinas produzidas são derretidas em altas temperaturas e injetadas em um orifício, que forma espaguetes de plástico”, descreve Rossi. “Por fim, esses espaguetes são cortados e transformados em grânulos chamados palletes, a serem reintroduzidos na cadeia produtiva e usados na indústria do plástico para criar outros objetos”, revela.

O projeto também incentiva o consumo consciente desse item, que possui um prazo de validade indeterminado. “Dependerá da forma de utilização e do fabricante”, orienta. “Para aumentar a vida útil da esponja, é recomendado que ela seja higienizada e seca após o uso”, orienta.

Times de coleta

Além de enviar as esponjas pelos correios, os consumidores também podem organizar pontos de coleta em suas cidades e receber um valor monetário por cada leva encaminhada ao programa de reciclagem. São pagos R$0,02 para cada 500g.

Um dos times acontece, desde 2017, na Escola Municipal Rizzieri Poletti, de Cândido Rodrigues (SP). “Já participávamos de programas de reciclagens de diversos produtos, como óleo, pilhas e materiais eletrônicos. Quando soube da iniciativa com as esponjas, achei uma boa ideia, já que é um produto muito usado nas casas”, conta a diretora Marly Cambero.

“Desenvolvemos ações com os alunos, como caixas receptoras e bilhetes para explicar a proposta à comunidade. Também contamos com a ajuda do grêmio estudantil, que produziu cartazes e espalhou em diversos pontos da cidade, como lojas e restaurantes. A cada três meses, os alunos passam nesses locais recolhendo as esponjas deixadas pela população”, comemora.

O Centro de Promoção para um Mundo Melhor, em Campinas, atua como ponto de coleta de esponjas para a reciclagem

 

Em Campinas (SP), o Centro de Promoção para um Mundo Melhor (Cepromm), que atua com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, recolhe as esponjas há três anos. A instituição desenvolveu uma campanha chamada Reciclar é Ajudar, que já coletou mais de 11 mil itens para reciclagem. Os produtos são enviados ao projeto mensalmente.

“A campanha é importante para formar um adulto com consciência ecológica e ambiental, assim como estimular a experiência prática de recolher o material para reciclagem”, defende o representante do projeto, Lucas de Lima.

Crédito das imagens: TerraCycle (Divulgação)

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