Leonardo Valle
Algumas notícias falsas que são desmentidas por agências de checagem continuam sendo estrondosamente compartilhadas nas redes sociais, mostrando que o fenômeno de desinformação é mais complexo do que identificar se uma informação é verdadeira ou não. Para ajudar a entender a situação e apontar possíveis saídas, o Intervozes disponibilizou online a cartilha “Desinformação: ameaça ao direito à comunicação muito além das fake News”.
Segundo a publicação, essa situação está diretamente relacionada à estrutura hiperconcentrada de controle da comunicação por grandes conglomerados. Sem contar o fato de empresas como Google, Facebook, Apple e Amazon coletarem, tratarem e venderem dados pessoais dos usuários em estratégias de propaganda direcionada a públicos segmentados.
A desinformação também está relacionado a setores conservadores da sociedade. Um estudo do Instituto de Internet da Universidade de Oxford analisou 70 postagens noticiosas no Facebook, no contexto das eleições de 2019 para o Parlamento Europeu. Ele concluiu que conteúdos desinformativos são compartilhados, curtidos e comentados até quatro vezes mais do que matérias informativas. A maioria dos posts que obteve sucesso na plataforma se fundamentava em discurso reacionário anti-imigração e contra as populações de origem islâmica.
Segundo a cartilha, as soluções “passam pela educação crítica da população sobre os meios de comunicação em geral, sobre o tipo de informação que consomem e por mecanismos de funcionamento transparente e democráticos das plataformas”, lista. Além disso, há a necessidade de mudanças nas regras de compartilhamento de informação em redes sociais, a formação de educadores para ensinar um olhar crítico para o que é veiculado, e de juristas que consigam lidar com o tema.
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Crédito da imagem: reprodução cartilha “Desinformação”