“Quem diria que um cara da zona oeste do Rio de Janeiro iria parar em Nova Iorque?”, pergunta o analista de cop rede I – redes móveis da Claro Winner Happy de Assis Cajueiro, 22 anos. Ele é esse “cara”.

O rapaz, que nunca havia viajado de avião, voou pela primeira vez direto para os Estados Unidos. Convidado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, participou da 78ª edição da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Cajueiro falou sobre trabalho remoto e empoderamento econômico jovem em Nova Iorque (EUA), no dia 17 de setembro.

Mas antes de poder ir até a ONU contar suas experiências, o carioca de Pedra de Guaratiba enfrentou desafios. “Eu tinha essas dificuldades do meu dia a dia para eu poder comprar alguma coisa para mim: um chinelo, uma roupa, um doce, alguma coisa que eu queria comer, até mesmo ajudar dentro de casa”, revela.

Cajueiro relata os problemas que enfrentou com serenidade. E quando precisa explicar a origem do próprio nome, o faz com bom humor. Ele conta que o pai adorava jogar The King of Fighters no fliperama – máquina de jogos que fez muito sucesso nas décadas de 1980 e 1990. Sempre que vencia uma disputa, aparecia a palavra “winner” na tela, que em inglês quer dizer “vencedor”. Pronto, o primeiro nome já estava escolhido.

“Minha mãe diz que o ‘Happy’ veio daqueles cadernos de escola de antigamente, que tinha um surfista. Mas eu gosto da história que meu pai fala, que quando ele foi me registrar, passou por uma loja que fazia festa de aniversário. E aí estava escrito ‘Happy Birthday’. Então ele pegou o ‘Winner’ do fliperama e o ‘Happy’ da loja e foi ao cartório”, diverte-se.

Winner Happy e a vice-presidente de projetos do Instituto Claro, Daniely Gomiero (crédito: acervo pessoal)

Na entrevista a seguir, Cajueiro fala sobre a infância com os pais e a avó, para quem gostaria de ter contado a novidade sobre ir à ONU, e as experiências no Dupla Escola, programa de ensino médio integrado ao curso técnico-profissionalizante em telecomunicações ofertado pelo Instituto Claro e realizado no Colégio Estadual Hebe Camargo.

Conte um pouco da sua história de vida. Quem é o Winner Happy?

Winner Happy de Assis Cajueiro: Sou formado no Colégio Estadual Hebe Camargo, me formei em 2018. Atualmente estou cursando rede de computadores na UniCesumar e trabalho na Claro.

Eu me criei junto com o meu pai e com a minha mãe. Depois, eles se separaram e eu fui morar com a minha avó, que depois faleceu. Minha mãe trabalhava sozinha, então eu tive que criar pouco de responsabilidade, porque eu tinha irmão mais novo. Eu tive que amadurecer cedo para ajudar dentro de casa e também cuidar do meu irmão.

Então eu estudava, trabalhava e voltava para casa, e no outro dia começava o ciclo de novo. Eu tinha essas dificuldades do meu dia a dia para eu poder comprar alguma coisa para mim: um chinelo, uma roupa, doce, alguma coisa que eu queria comer, até mesmo ajudar dentro de casa.

[Sobre o Dupla Escola] Eu agradeço a oportunidade porque despertou em mim esse interesse por telecomunicações no colégio. Os professores foram essenciais na minha vida.

Quais as diferenças entre o Winner Happy do passado e o jovem que participou do Dupla Escola e hoje trabalha na Claro?

Cajueiro: O desafio não vem para tentar barrar a gente, mas sim para servir como experiência. A única diferença que eu vejo é a maturidade e mentalidade. Eu acho que o mindset [mentalidade] do Winner atualmente é muito maior do que o mindset do jovem de antigamente.

Mas eu acho que se o Winner não tivesse passado por aquelas experiências, às vezes um tanto quanto ruins, mas são experiências [a separação dos pais e o falecimento da avó], ele hoje em dia não teria a mentalidade que tem. Ou você aprende no amor ou na dor e, às vezes, a gente prefere muito mais aprender na dor do que no amor. Mas eu acho que o Winner hoje é um jovem mais sólido, mais concreto.

Quando você recebeu a notícia de que iria a Nova Iorque para o evento da ONU, qual foi a sua primeira reação e por quê?

Cajueiro: Chegou e-mail para mim do Instituto Claro, da Unicef. Aí eu falei: ‘Pronto, de duas, uma; Ou eu fiz uma coisa muito boa e vou receber alguma bonificação por isso ou…’. Eu não sabia se eu gritava, se eu comemorava, se eu falava ‘Claro!’, se eu bebia água, se eu chorava…

Ainda me perguntaram: ‘Imagina se você não aceita’. Eu falei: ‘Cara, se eu não aceito, vocês podem me levar para algum lugar, que eu estou ficando maluco. Não tem como eu não aceitar uma oportunidade dessa’.

winner-happy-ONU
Winner Happy durante evento na Assembleia Geral da ONU (crédito: acervo pessoal)

Como foi a sua participação?

Cajueiro: Me perguntaram quais foram as minhas principais dificuldades, como o trabalho remoto mudou a minha vida. A maior dificuldade que eu tive foi a questão do transporte público. A gente, que vive no Brasil, sabe como é o transporte público, a segurança, o medo de ser assaltado.

E quando eu vim para o home office, eu não passei mais por perigo no transporte. O home office me proporcionou trabalhar em um horário e fazer faculdade no outro. Eu consegui conciliar meus horários de estudo, praticar atividade física.

Me perguntaram onde as empresas hoje em dia deveriam investir. E aí eu citei meu exemplo; eu não procurei uma empresa que me desse só emprego, eu procurei uma empresa que, além de me empregar, me incentivasse a crescer.

Eu tive a oportunidade de mostrar que todos nós temos essa capacidade de ir muito além do que aquilo que a gente imagina, de ser jovem de periferia, de comunidade, e que às vezes não é tão visto mesmo [não vê respeitados os direitos estabelecidos pela Constituição].

Que mensagem você quer passar para os jovens estudantes brasileiros que agora conhecem sua trajetória?

Cajueiro: A dificuldade vem, mas não para te derrubar, mas para criar experiência. Quando vier alguma coisa difícil na sua vida, não tente se abalar com isso. Não veja o problema como algo que faça você parar, mas algo que te motive a continuar.

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