Na época da conexão discada, tentar assistir a vídeos na internet tinha mais chances de resultar em raiva que em momentos agradáveis. A banda larga trouxe aos internautas a possibilidade de efetivamente usufruir dessa mídia e, com o surgimento do Youtube, assistir a filmes via web virou rotina diária para muita gente. Agora as possibilidades de interação começam a se expandir com a disseminação das webtevês, permitindo experiências extremamente novas e ricas para alunos e professores.

Em um ambiente de webtevê, os usuários não só postam e assistem a vídeos, mas montam programações inteiras, com horários definidos e estilo de comunicação próprio, como um verdadeiro canal de tevê. É a abertura para se ter uma emissora fora das restrições gigantescas impostas pelo método de concessão do governo, e aí está a ponte com a educação.

Usar a tevê tradicional em salas de aula nunca foi fácil. Os professores têm pouca ou nenhuma chance de influenciar as grades de programação. Em geral, os educadores é que têm de se adaptar de forma a combinar seu planejamento de aulas com os temas exibidos na televisão. Esse obstáculo é inexistente com o uso de webtevês, que surgem como mais uma chance de se modernizar a forma de ensinar. “Vivemos em uma sociedade tão midiática e nas salas de aula só se trabalha com texto”, lembra Eziquiel Menta, diretor de Tecnologia Educacional da Secretaria de Educação do Estado do Paraná.

Pratica fácil
Para criar uma webtevê, em geral é necessário cadastrar-se e às vezes criar um perfil pessoal. Nada muito complicado. Alguns campos de formulário e já é possível “embedar” (colocar no ar algum vídeo que estava hospedado em outro site), fazer upload de material exclusivo, promover chats e até transmitir ao vivo. Sites como o Stickcam e o Justin.tv são muito simples e rápidos de se configurar. Outros, como o Mogulus, têm serviços gratuitos e alternativas pagas que oferecem uma série de ferramentas adicionais, como tela widescreen, qualidade HD e análises estatísticas de audiência da sua tevê.

Desde 2005, Menta vem trabalhando com podcasts no ambiente escolar e mais recentemente começou a experimentar as possibilidades abertas pelas webtevês. A idéia é não só disponibilizar conteúdos relacionados ao aprendizado, mas envolver os alunos na própria produção audiovisual, montando verdadeiras equipes de reportagem. “Isso abre possibilidade para se colocar os alunos em contato com as novas tecnologias existentes e ainda discutir questões como a da influência da mídia e dos direitos autorais”, explica.

Graças a esse formato, o conteúdo e a experiência acabam atingindo turmas inteiras, como conta Carlos Lima, coordenador do programa Nas Ondas do Rádio, da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo: “Isso ativa as habilidades de se trabalhar em grupo, conhecer os temas e melhorar a expressão escrita e oral em uma atividade gerada pelo coletivo. E abre a possibilidade de se aprender fazendo”. O programa apresenta via webtevê e podcast coberturas de eventos e entrevistas realizadas por alunos da rede pública de ensino.

Como qualquer outro instrumento tecnológico que se coloca em meio aos livros no processo de aprendizagem, as webtevês ainda encontram resistência por parte dos professores. Porém, mais que o bloqueio quanto à familiaridade com o uso da internet, Lima alerta para um outro empecilho. “Existe uma desconfiança muito maior no poder que os jovens têm para assumir o papel de produtores de conhecimento. Eles têm muitas boas idéias que às vezes não são bem aceitas pelos adultos”. E é justamente com o uso de novas linguagens que educador e aluno podem se aproximar. “A comunicação é um caminho para diminuir a grandeza que o professor acha que tem e revelar o poder que a gente geralmente acha que o aluno não tem. Um meio de colocar os dois para conversar, mostrarem-se um ao outro com mídias bastante colaborativas”, completa.

 

Alguns sites para criar webtevês

 

http://www.stickam.com/
http://pt-br.justin.tv/
http://www.mogulus.com/

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