O uso de celulares em sala de aula tradicionalmente é visto como algo preocupante, pois desvia a atenção dos alunos da matéria. No entanto, alguns educadores conseguem utilizar os smartphones e as TIC de uma forma proveitosa mesmo dentro da sala de aula.

É o caso, por exemplo, do professor Wagner Soeiro, que leciona Geografia na Escola Municipal Darci Ribeiro, em São José do Rio Preto. Ele criou um grupo no Whatsapp com seus alunos, por meio do qual ele compartilha informações, gravações de áudio com o conteúdo a ser estudado e questões que os alunos devem responder, valendo nota.

Wagner conta que costumava perder um tempo considerável da aula repreendendo os alunos por utilizarem o celular na sala. Então percebeu que poderia aproveitar aquele interesse dos alunos de uma maneira que contribuísse para o aprendizado. “Existe uma lei que proíbe o uso de celulares na sala de aula, mas ela permite o uso pedagógico”, conta. Wagner então cadastrou os números de seus alunos em um grupo no aplicativo e passou a utilizá-lo como ferramenta de suporte ao trabalho realizado.

A partir daí, o grupo passou a fazer parte da dinâmica das aulas. “Eu explico a matéria e depois passo uma questão para eles responderem pelo Whatsapp. Às vezes, falo pra eles tentarem responder o mais rápido possível, pra ver quem responde primeiro”, diz o professor. Nestes momentos, ele conta que a sala fica em silêncio total – algo que antes raramente acontecia -, enquanto cada aluno digita suas respostas. Não é necessário que os alunos utilizem a ortografia correta para responder: abreviações como “qnd” para “quando” e “vc para “você” são aceitas. Só não é permitido o uso de gírias.

Além das questões em sala de aula, o professor também envia gravações de áudio de até três minutos que sintetizam assuntos discutidos na sala de aula. E para incentivar os alunos a estudar em casa, ele também envia questões para o grupo durante o período da tarde. Essas, em geral, são sobre algum assunto discutido na aula daquele dia. “Como eles sabem que terão de responder a uma questão sobre a matéria da aula no período da tarde, eles acabam prestando mais atenção no conteúdo”, diz Wagner. Alunos que não possuem smartphone podem realizar essas tarefas por outros meios, também, para não serem prejudicados.

Inicialmente, os alunos estranharam a iniciativa. Segundo o professor, eles estavam acostumados a enxergar o Whatsapp apenas como uma ferramenta para conversar com os amigos, e mostraram certo receio em permitir que o clima dos estudos se infiltrasse naquele ambiente virtual. Após algumas aulas, porém, Wagner conta que eles se acostumaram a incluir o grupo em sua rotina de estudos. A direção do colégio também foi bem aberta à ideia, segundo ele, apesar de uma incerteza inicial sobre como o aplicativo seria incorporado às aulas.

Além de ministrar as aulas de geografia, o professor Wagner também organiza o Clube de Astronomia de Rio Preto. O clube realiza encontros semanais para falar sobre o assunto e fazer observações do céu com um telescópio, e é aberto a todos os interessados. Além dos encontros, todas as discussões e materiais do grupo são compartilhados pelo Whatsapp e pela página do clube no Facebook, o que permite que mesmo pessoas que não morem na região participem das discussões. “Tem até gente de outros estados no grupo”, conta Wagner. Embora o Clube de Astronomia seja uma atividade extra-curricular, o professor aceita que alunos com notas baixas frequentem alguns encontros do Clube como medida de recuperação.

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