Filmes que trazem professores como protagonistas são uma boa forma de entretenimento e ainda ajudam a refletir sobre os limites e a importância da profissão. Para o doutorando e pesquisador de metodologia de ensino de geografia por meio da linguagem cinematográfica Daniel Moreira de Souza, porém, é preciso cuidado com produções que tratem o professor como salvador ou como mártir em suas narrativas.
“Ao invés de valorizar a profissão, essas produções têm efeito reverso. O professor tem que ter competência e saberes para ser valorizado e cobrado, tanto quando um médico ou arquiteto. E o professor também não é perfeito ou um santo, estando sujeito a erros”, opina.
“Nesse sentido, acho mais valiosas as produções em que o docente atua como profissional. Como alguém com projeto didático pedagógico que ensina os alunos para que eles próprios mudem a sua realidade”, diferencia.
A seguir, conheça sete filmes e séries indicados por Souza e pela doutora e formadora de professores pela Universidade de São Paulo (USP) Cláudia Mogadouro, fundadora do Coletivo Janela Aberta – Cinema e Educação. Os textos podem conter spoiler.
Viver é fácil com os olhos fechados (2013)
Filme espanhol baseado em fatos reais, mostra um professor de inglês da década de 1960 que usa letras dos Beatles em sala de aula. Quando ele descobre que a banda está na região de Almeria, ele decide viajar para fazer um pedido a John Lennon. “Esse pedido tem a ver com a sua prática pedagógica”, explica Mogadouro. “É um filme leve que é uma boa indicação para as férias”, recomenda.
Mr. Holland – Adorável professor (1995)
Em 1964, um músico decide lecionar para ganhar dinheiro e compor uma sinfonia. Enquanto busca despertar o interesse dos alunos pela música, seu filho nasce e é diagnosticado como surdo. “Como professor, ele tenta criar formas didáticas de ensino e também aprende com os alunos. Por meio dessa prática, ele descobre formas de também se conectar com filho e apresentar a música para ele”, descreve Souza.
O substituto (2011)
Um professor de ensino médio, com talento para se comunicar com jovens, trabalha apenas como substituto para evitar vínculos. Ao ser chamado para uma escola pública, encontra professores desmotivados e adolescentes violentos.
“Apesar da hostilidade inicial, ele cria uma boa relação com os alunos e se adapta à situação. Ele age sempre pensando que tem um tempo específico para permanecer, fazer o necessário e partir. No entanto, situações que surgem o fazem repensar sua prática e sua forma de agir”, adianta Souza.
Sociedade dos poetas mortos (1989)
Em 1959, em uma tradicional escola preparatória, um novo professor de literatura desafia o conservadorismo da instituição para incentivar os alunos a pensarem de forma crítica. “Ele cria novas formas didático-pedagógicas para despertar a atenção dos alunos, o que gera inclusive desconforto com os outros professores da escola”, aponta Souza.
Tudo o que aprendemos juntos (2015)
Laerte é um violinista que, após ser recusado em um teste de uma orquestra, vai lecionar em uma comunidade na periferia de São Paulo. Lá descobre um garoto com talento para a música e faz com que ele se distancie do tráfico de drogas. “O protagonista não desejava dar aulas, mas se vê envolvido com o trabalho e é uma agente de transformação para os alunos”, resume Mogadouro.
Merlí (2015)
Série espanhola de três temporadas sobre um professor de filosofia que utiliza métodos não convencionais para estimular seus alunos a pensarem criticamente, gerando opiniões divergentes. “A série mostra o professor lidando com particularidades dos alunos. Em uma mesma classe, há aqueles em que a família incentiva a leitura, outros que acham que isso é perda de tempo etc. Ele precisa trabalhar com essas diferentes realidades”, aponta Souza.
Segunda chamada (2019)
Após anos afastada, uma professora retorna à escola para lecionar na turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Ela enfrenta o desafio de ajudar alunos com histórias de vida difíceis a concluírem seus estudos, contando com o apoio dos colegas docentes. “Mostra a questão didático-pedagógica, mas também desafios estruturais que atrapalham o trabalho do professor. Mesmo se um docente der uma ótima aula, o aluno que está com fome não vai conseguir aprender”, exemplifica Souza.
Veja mais:
Livros de crônicas: veja 10 opções para relaxar nas férias
8 links de museus virtuais para conhecer nas férias
6 atividades para educar e divertir durante as férias
Crédito da imagem: Dimitri Otis – Getty Images