Muito se fala em adequar os ambientes de aprendizagem para a realidade atual. Da formação dos educadores à infraestrutura necessária, é consenso que existem pontos a serem desenvolvidos e que as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) ainda podem criar novas possibilidades no processo de ensino, seja ele formal ou não formal. Mas uma pergunta se faz necessária: há recursos suficientes para que essa integração seja harmônica?

Moacyr Franco Neto, diretor de tecnologia da Fazion, empresa especializada em aplicativos para celular, afirma que muita coisa já tem sido feita, mas que ainda há um longo caminho a ser trilhado, principalmente no desenvolvimento de softwares e aplicativos específicos para a educação. De acordo com ele, instituições universitárias já os têm procurado para criar ferramentas de mobile-learning, mas os pedidos ainda estão restritos a aplicativos de comunicação institucional. Para a Universidade Fernando Pessoa, de Portugal, por exemplo, a Fazion criou um aplicativo que permite que o aluno tenha acesso a notas, calendário e outros dados acadêmicos direto do celular.Um cenário diferente se desenha nas empresas, que já realizam treinamentos a distância por meio dos aparelhos telefônicos. Essa realidade, acredita Franco Neto, se tornará cada vez mais presente na educação. “Vemos como um mercado embrionário, que deve crescer muito no próximo ano. O celular hoje é uma extensão da web. Com a disseminação dos tablets, esse mercado ganhará ainda mais força”, acrescenta.

Linguagem

 

Com8s já funciona em versão beta

Professor de graduação e pós-graduação em cursos de administração, Alfredo Kugeratski acha que outra área a ser explorada é a das plataformas de comunicação entre alunos e professores. “O que acontece normalmente é que as instituições encomendam um produto sem conversar com quem vai usar. E aí acaba não atendendo às necessidades reais”, afirma ele, que é sócio da Foresee Solutions, empresa de desenvolvimento de soluções para web.

Para Kugeratski, na hora de criar qualquer ferramenta para a educação é preciso ter em mente três frentes: comunicação, compartilhamento e colaboração. A empresa vai lançar nos próximos meses a rede social Com8s, voltada para educadores e professores, cujo objetivo é permitir que estudantes e professores possam usar um único site para se comunicar e trocar experiências com alunos de diferentes turmas e instituições. Uma versão beta da plataforma já está em funcionamento, e a ideia é permitir que as pessoas usem a rede social não só para trocar informações, mas também para realizar webconferências etc.

Metodologias

 

“O papel do professor passa a ser o de estimular o aluno. Cabe a ele dialogar entre as mídias desenvolvendo as habilidades dos seus alunos”

Com jovens e crianças cada vez mais inseridos na era virtual, a chave para solucionar essa equação é a criação de metodologia e treinamento que insiram o professor nesse mundo de oportunidades.

Na opinião de Sandro Massarani, professor do curso pré-vestibular Dominantes, sediado em Niterói-RJ, é necessária uma combinação gradual entre o método tradicional de ensino e as novas tecnologias que resultaria em um processo mais eficaz e de acordo com o mundo atual. “Não há uma fórmula exata para essa mistura, mas é preciso que ela ocorra. A escola não vai deixar de existir, o livro não vai deixar de existir, a sala de aula não vai deixar de existir. O que precisa deixar de existir é a inflexibilidade no modo de pensar o processo educacional”, avalia.

Para o professor, que participa da Dominantes Apps, subdivisão do curso Dominantes, especializada na produção de jogos educativos para os aparelhos Apple, a vantagem de equipamentos como celulares, tablets e notebooks está na sua portabilidade. O aluno não precisa levar uma mochila com 15 kg de livros e cadernos. Basta um pequeno equipamento e o “mundo” se abre para ele. “Não podemos esquecer, porém, que esses equipamentos são ferramentas e não produzem conhecimento sozinhos. A disciplina e a vontade de aprender e ensinar sempre serão os pilares da educação”, acrescenta Massarani.

Opinião semelhante tem Miguel Thompson, diretor de serviços pedagógicos da Editora Moderna. “O papel do professor passa a ser o de estimular o aluno. Cabe a ele dialogar entre as mídias, desenvolvendo as habilidades dos seus alunos”, diz ele, que acredita que hoje estamos em um caminho intermediário. A editora tem o projeto Moderna Plus, programa para o ensino médio composto por livros e site na web, onde alunos e professores podem acessar para adquirir novos exercícios e fazer atualização de conteúdo.

LivroClip: iniciativa para disseminar clássicos da literatura

Um exemplo de aplicativo na internet é o site LivroClip, lançado pelo ICA (Instituto Canal do Livro) e cujo objetivo é instrumentalizar professores no uso de recursos digitais para incentivar a leitura em sala de aula.

Idealizador do projeto, o jornalista Luiz Chinan explica que o aplicativo é uma biblioteca com cem títulos de obras clássicas voltadas ao ensino fundamental II e médio. “O LivroClip vem suprir a necessidade de capacitação do professor. Ele foi pensado para ser esse instrumento com base no livro, que é uma área de segurança do educador”, afirma.

Cada obra vem com o texto integral, um vídeo motivador de leitura, dados sobre o autor e a escola literária, bem como sugestões de uso em sala de aula para todas as áreas do conhecimento e temas transversais. “O aplicativo é pensado como um recurso para estimular o letramento digital, ou seja, a capacidade de os alunos dominarem os códigos verbais e não verbais na linguagem”, ressalta Chinan.

O LivroClip foi adotado recentemente por cerca de 300 escolas da rede PEA-Unesco no Brasil, que reúne instituições de ensino em praticamente todos os Estados do país. Para participar, as escolas são aprovadas pela Unesco na França e precisam demonstrar preocupação com uma educação voltada a valores humanitários.

O projeto surgiu em 2005 como um recurso educacional aberto. Foi premiado pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e, desde 2008, faz parte do Banco Internacional de Objetos Educacionais do MEC (Ministério da Educação).

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