Há 21 anos, o Brasil faz parte de um dos mais prestigiados programas de universalização dos princípios humanistas desenvolvido pela Organização das Nações Unidas. O Programa de Escolas Associadas (PEA) é um braço da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) no campo da Educação e, apenas no Brasil, reune 380 escolas públicas e particulares.  A rede brasileira é considerada uma das maiores do mundo e inclui escolas indígenas, quilombolas e rurais.

O PEA trata de assuntos como paz, cidadania, interculturalidade, entre outros. Neste ano, tem as mudanças climáticas como tema. “Serão desenvolvidos cursos online, guias e outros materiais. Não há um centralismo que obrigue todas as escolas a trabalharem da mesma forma. O que importa é que sigam os mesmos conceitos, adaptados à realidade local”, explica a coordenadora nacional do programa, Myriam Tricate. Confira, a seguir, a entrevista completa com Myrian Tricate sobre os planos do PEA para este ano.


Myrian Tricate durante o Encontro Nacional PEA-Unesco 2016 (Crédito: reprodução)

Como é o trabalho pedagógico do PEA no Brasil?

Myrian Tricate –
O PEA iniciou suas atividades no Brasil em 1996. Hoje, somos 380 escolas públicas e particulares de quase todos os estados brasileiros. Em comum, as escolas têm o trabalho pedagógico orientado pelos valores da UNESCO, desenvolvendo projetos no campo da cultura da paz, da cidadania global, da interculturalidade, entre outros. Assim, o PEA funciona como uma rede de instituições embaixadoras de princípios universais e humanistas.  Hoje, pelo menos 400 mil alunos e mais de 30 mil professores discutindo essas questões.

NET Educação – Como os projetos são desenvolvidos?


Myrian –
Cada escola tem liberdade para desenvolver seus próprios projetos, desde que respeitem os temas fundamentais da organização (como a cultura da paz) e o calendário internacional da UNESCO. Por exemplo, 2017 será o Ano Internacional do Turismo Sustentável.  Mas também há projetos de caráter global. A partir de 2017, vamos entrar fortemente em um projeto internacional que diz respeito às mudanças climáticas. Todas as dimensões desse tema serão trabalhadas pelas escolas, visando transformar comportamentos a partir de agora.

NET Educação – Como o projeto global sobre mudanças climáticas será executado?

Myrian –
 Não há um centralismo que obrigue todas as escolas a trabalharem da mesma forma. O que importa é que sigam os mesmos conceitos, adaptados à realidade local. No caso do tema das mudanças climáticas, serão desenvolvidos cursos on-line, guias e outros materiais.

Como é o acompanhamento das escolas que integram a rede PEA?


Myrian –
O acompanhamento é feito em contatos diretos, seja pessoalmente, por e-mail ou telefone pela própria Coordenação Nacional. Temos ainda coordenadores regionais, garantindo que todas as escolas recebam as orientações necessárias e sejam apoiadas em seus projetos. Além disso, todas as escolas associadas cumprem o compromisso de enviar um pré-projeto sobre aquilo que pretendem realizar no ano e, ao final, um relatório sobre aquilo que efetivamente realizaram.

E como a formação dos professores vinculados à rede é realizada?


Myrian –
Temos parceiros que disponibilizam serviços para as escolas públicas, por exemplo. A Fundação Siemens recentemente distribuiu um kit de educação científica, denominado Projeto Experimento. A empresa Geekie disponibilizou simulados do ENEM, em um modelo de avaliação adaptativa. Temos também o Encontro Nacional – que acontece anualmente, cada vez em uma capital diferente – e encontros regionais.

Qual é o balanço desses 21 anos de projeto no Brasil?


Myrian –
O PEA brasileiro é um dos únicos a realizar missões internacionais. Já levamos mais de uma centena de diretores de escolas a países como França, Espanha, Portugal, Holanda e Finlândia para conhecer projetos inovadores de educação. Somos o único a ter uma publicação própria e, certamente, o que realiza as formações mais amplas. Em 2016, reunimos quase 500 educadores em Natal (RN), no nosso Encontro Nacional.

Quais são as perspectivas para o futuro?

Myrian – Chegamos a 380 escolas associadas – uma das maiores redes do mundo. O principal é que agora fazem parte desta rede escolas indígenas, quilombolas e rurais. Nosso futuro passa por um envolvimento maior das escolas públicas de todo o país, trabalhando lado a lado com a rede particular. Há um sentimento comum de identidade que supera essa divisão.

Como as demais escolas devem fazer para se associarem ao PEA?


Myrian –
Elas devem acessar o site do PEA e preencher o formulário de adesão. A partir desse momento, podem participar de todos os nossos projetos.


Educadores durante o Encontro Nacional PEA-Unesco, realizado
na cidade de Natal (RN), em 2016 (Crédito: reprodução)


Veja mais:
– Unesco lança relatório de Monitoramento Global da Educação 2016
– 
As caras da educação: Unidos pela Paz
– 
Educação em Direitos Humanos combate desrespeito e violência nas escolas 

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments

Talvez Você Também Goste

13 dicas para criar uma peça de teatro com os alunos

Professores recomendam trabalhar com jogos, improvisações, literatura e música no processo criativo

Como ensinar ginástica na educação física escolar?

Professoras indicam 8 possibilidades para desenvolver com alunos do ensino fundamental

11 formas de acolher o aluno com síndrome de Tourette

Ambiente inclusivo evita que estudantes sofram com bullying e dificuldades de aprendizagem

Receba NossasNovidades

Receba NossasNovidades

Assine gratuitamente a nossa newsletter e receba todas as novidades sobre os projetos e ações do Instituto Claro.