A transição do nono ano do ensino fundamental para o ensino médio pode ser desafiadora para o estudante, uma vez que costuma vir acompanhada de mudanças de escola, colegas e professores, bem como de mais responsabilidade acadêmica.
Pensando nisso, a professora de língua inglesa e projeto de vida Sabrina Germânia Braga Leonel Alves desenvolveu uma atividade envolvendo estudantes das duas redes onde trabalha: o terceiro ano do ensino médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Teófilo Paulino e o nono ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Santa Isabel, ambas em Domingos Martins (ES).
Na iniciativa, os secundaristas puderam esclarecer as principais dúvidas dos alunos do fundamental por meio de cartas, além de compartilhar experiências pessoais sobre como foi a transição deles e como é vivenciar o ensino médio.
A iniciativa exigiu a integração de educadores das duas redes, municipal e estadual, e aliou conteúdos de língua portuguesa e projeto de vida.
“A primeira etapa da atividade foi a professora de português explicando o que é o gênero textual carta para as turmas do ensino fundamental, que eles desconheciam”, conta Alves.
“Conversamos sobre como era gostoso escrever uma carta e esperar a resposta dela, algo que exigia paciência, porque não era imediato. Uma experiência diferente da atual relação dos jovens com a tecnologia”, complementa.
Segundo Alves, as principais dúvidas dos alunos do nono ano foram: quais são as matérias da grade curricular; se é possível trabalhar e estudar; quais pontos são mais desafiadores e exigem maior dedicação e o que costuma ser mais fácil na nova etapa de ensino.
“Os secundaristas, por sua vez, sentiram-se importantes por poder aconselhar sobre algo que estão vivendo. Muitos compartilharam coisas que teriam feito diferente nessa transição entre etapas”, assinala.
Transição sem medo
Por trabalhar nas duas redes, Alves foi a responsável pela entrega das cartas. Segundo a professora, foi no intercâmbio de cartas que conteúdos de projeto de vida puderam ser trabalhados.
“Os alunos puderam compreender o quão grande será essa mudança, exigindo, por exemplo, estudar agora em horário integral. Eles puderam conhecer os itinerários disponíveis no ensino médio para planejar o que querem e como querem fazer no ano que vem”, descreve.
Para finalizar a atividade, um encontro presencial entre todos os participantes foi organizado com a ajuda da pedagoga da escola estadual, Bernadete Poeys. “Eles puderam conhecer a pedagoga, alguns professores, descobrir onde ficam os banheiros e a secretaria, entre outros”, diz.
“É comum ficarmos tímidos ao chegar em uma nova escola, mas essa vivência os deixou menos apavorados e mais seguros”, comenta.
Entre os benefícios da atividade, Alves destaca o estímulo do uso de recursos não tecnológicos como forma de comunicação.
“Ao introduzir o gênero textual carta, foi possível afastar essa nova geração um pouco das telas. Eles puderam vivenciar a escrita pelo próprio punho, o ato de colocar uma carta no envelope e endereçá-la a alguém, algo que não faz parte da realidade deles”, pondera.
Já entre os desafios, a professora cita o envolvimento dos alunos.
“Se eles escreverem uma carta com duas perguntas, terão uma resposta igualmente pequena. Então, é necessário engajá-los para quem pensem nas dúvidas e queiram descobrir essa nova escola”, finaliza.
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