O professor Dado Schneider sempre se considerou criativo. Dava suas aulas pensando em como melhor obter a atenção dos alunos. Mas começou a perceber que mesmo com todo seu esforço, os estudantes passavam muito tempo olhando para os celulares respondendo, na época, mensagens sms. “Quando entrou o smartphone e o tablet então, eles não levantavam mais a cabeça para olhar para mim. Então, passei a dar aula com a sala escura, apenas com a luminosidade da projeção na lousa e músicas da atualidade”, conta ele que é doutor em Comunicação pela PUC-RS.
 
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Hoje, com 52 anos, Schneider acredita piamente que a geração X — que nasceu após o "baby boom”, entre 1965 até 1980, aproximadamente — precisa cada vez mais se digitalizar. “Não nascemos com computador em nossas vidas. Estamos na frente da máquina e de repente aparece um box cinza com uma ‘pergunta enigmática’ e você pensa: o que fazer? Melhor começar do zero, então vai lá e desliga o computador, e perde tudo o que está fazendo por não saber o que clicar para responder”, brincou ele durante sua palestra “Digiriatria: seremos todos velhos digitais?”, ministrada na 7ª edição da Campus Party, nesta quinta-feira (30/1), em São Paulo (SP).
 

Dado Schneider alerta para a geração X se atualizar, durante
a 7ª edição da Campus Party
 
O professor foi quem criou o conceito da palavra digiriatria. A junção de “digi”, correspondente a digital, e “geriatria”, relacionado a pessoas idosas. “Nossa forma de pensar é a do século XX e fica difícil lidar com as coisas atualmente. Para pessoas da minha geração, tudo é linear e cartesiano. Mas na virada da década, vamos estar todos no mercado de trabalho, as gerações X, Y e Z. Então, todos nós teremos que virar velhos digitais”, alerta ele, que tem estudado as gerações Y e Z. Enquanto a primeira corresponde aos nascidos a partir de 1976 até meados dos anos 1990. A geração Z são os chamados nativos digitais, hoje jovens que nasceram no final da década de 90 até o ano de 2010.
 
A dica, quando têm muitas informações juntas e achar que não vai dar conta, é ter calma. Há necessidade de estabelecer uma curadoria de conteúdos, precisa-se selecionar. Schneider conta que no Twitter, por exemplo, ele segue as pessoas que acredita serem referências para ele, dessa forma, fica mais informado sobre determinados assuntos que quer saber. “Ter como referência não é gostar. Não preciso achar o Obama o melhor para saber que devo seguir ele. Tento mergulhar ao máximo na tecnologia. Estou no Twitter e Face ativamente. Venho fazendo um esforço sobrenatural para me digitalizar.”
 
Geração Z
Uma das reclamações mais comuns sobre os garotos e garotas da geração Z é que “eles não param de olhar as telas. Conversam sem olhar para gente quando estamos falando”. Para o doutor em Comunicação, “eles não acham que temos algo de interessante para dizer. Mas também, não precisam olhar para estar prestando atenção. Mesmo manuseando outros objetos como computador ou celular, eles estão captando as informações sim”.
 
Com o mundo digital ganhando cada vez mais espaço, surge um paradoxo: nunca uma geração mais jovem ensinou uma mais velha. E hoje, em muitos casos, é isso o que acontece. “Seremos estudados daqui 50 anos como o público que recebeu uma mudança brutal, um dos grupos sociais que mais sofreu mudanças”, prevê Schneider. “Não importa de que época você vem, mas tem que viver essa atualidade. Não tem o que fazer. Aquele que melhor se adaptar vai sobreviver, como já dizia Darwin. Há necessidade de se reciclar”, completa.
 
Os professores, por exemplo, para atuar dentro da sala de aula com essa nova realidade, devem se basear em três principais atitudes: criar proximidade com os alunos, adaptar-se para a linguagem dos jovens e portanto, ganhar crédito perante ao grupo.
 
 
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