A professora da FGV, Dolores Affonso, nos contou sobre sua experiência com a tecnologia assistiva, e como elas podem servir de ferramenta e a evolução que podem trazer.
Dolores é deficiente visual e diz que sempre foi muito curiosa e se interessou pela tecnologia, mas sua maior necessidade veio por causa dos estudos e trabalhos. “Na escola e na faculdade foi bem difícil, pois não havia tantas tecnologias disponíveis e o acesso à informação era restrito, além do preconceito e das dificuldades em ler, escrever, participar das atividades esportivas, etc.”, mas apesar das dificuldades, Dolores começou a buscar novas formas de tornar seu trabalho e sua vida mais fáceis e foi nessa reinvenção que ela encontrou a tecnologia assistiva.
“Quem descobre o potencial da tecnologia para a inclusão fica maravilhado” e aponta ferramentas que facilitam muito a vida dos usuários, como aplicativos para dispositivos móveis que escaneiam textos e os convertem em áudio para deficientes visuais, computadores manipulados pelos olhos para pessoas com paralisia, sistema na casa que permite controlar as luzes, eletrodomésticos com voz, entre outros.
Quem compartilha dessa ideia é o ativista e empreendedor Hamilton Oliveira, tetraplégico há mais de cinco anos e usuário das tecnologias assistivas. Em seu blog, ele cita vários programas e plataformas interativas criadas especialmente para pessoas com alguma deficiência, além de divulgar a associação da tecnologia para a inclusão com a do entretenimento: “videogames, jogos e aplicativos são uma excelente alternativa para desenvolvimento neuromotor e psicossocial, seja com foco na reabilitação e recuperação ou simplesmente diversão”.
Apesar desses avanços, Dolores e Hamilton entendem que o espaço para as tecnologias assistivas no mercado ainda é pequeno. Além de faltar divulgação e informação, muitos aparelhos são caros, o que acaba dificultando a inclusão dos usuários. “A população está envelhecendo e a preocupação com a maioridade é de interesse de todos, afinal, todos queremos chegar ao fim da vida com independência e autonomia, assim acredito eu que lesões medulares como a minha terão um impacto ínfimo daqui a 10 anos comparado à realidade atual” afirma Hamilton, “casas totalmente acessíveis e tecnológicas, cadeiras de rodas guiadas por pensamento, implantes cerebrais e neuromoduladores que devolvem movimento a membros paralisados…” são muitos equipamentos possíveis, e boa parte deles já são ou estão virando realidade, refletindo em um aumento desse cenário no Brasil e no mundo.
Pensando na inclusão e na independência, Hamilton criou seu blog, CASADAPTADA que trata sobre estes e outros assuntos relacionados a acessibilidade, como tecnologia, esportes, legislação e entretenimento. O blog da Dolores também aborda o tema com seriedade e simpatia, além de falar sobre negócios, marketing digital e recursos humanos. Os dois participam do Congresso de Acessibilidade que traz temas como a superação, tecnologia e inclusão, e conta com mais de 25 técnicos da área e filmes.
Para assistir as palestras, que contam com legenda, Libras e audiodescrição, basta se inscrever no site e aproveitar.