Pesadelo de muitos pais, que veem os filhos jogando durante horas, os games e seu potencial de mobilização começam a dar frutos na área educacional. É o que acontece no Colégio Estadual Embaixador José Bonifácio, em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Na escola, cerca de 20 alunos fazem parte de um projeto criado pelo professor de matemática e física Guilherme Erwin Hartung, que os ajuda a desenvolverem jogos eletrônicos para computador. Desde fevereiro, Hartung, que também é orientador tecnológico do Estado do Rio, dedica duas tardes por semana ao projeto, coordenando e ajudando no desenvolvimento dos games.

 

Segundo o professor, a ideia nasceu de uma pesquisa informal feita por ele sobre tecnologia e games. “Fiquei impressionado com o tempo que eles gastam com videogame”, afirmou. Considerando os resultados do estudo, que mostraram o interesse dos jovens sobre o assunto, ele pensou em produzir games para auxiliar no ensino das disciplinas. No entanto, a idéia evoluiu e o professor decidiu ensinar os alunos a fazer os próprios jogos. Para isso, escolheu trabalhar com softwares de programação de games de fácil manuseio como o Scratch, desenvolvido pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT).

 

Os jovens se dividiram entre game designers, que criam a ideia e o conceito dos jogos, artistas, responsáveis pelo desenho e sonoplastia e publicitários. E juntos criaram a empresa virtual Fractal Multimídia, para divulgar e organizar os games já desenvolvidos. Com tudo isso, os alunos conseguem ter uma noção de trabalho em grupo, das dificuldades e da importância de cada um nos projetos.

 

A Fractal Multimídia possui um blog com as novidades e produtos (http://www.fractalmultimidia.blogspot.com). A maioria dos jogos são educativos e alguns professores do colégio já estão fazendo encomendas para incrementar as aulas. O trabalho mais recente é um game idealizado pela aluna Jessica Schneider, de 17 anos, com o tema “desperdício de água”. Jessica cuida da arte e está começando a participar também da programação do game. “Quando surgiu a ideia do projeto achei muito interessante e quis participar. Pretendo me especializar em arte e informática”, afirmou a aluna.

 

Outro participante da Fractal Multimídia, Heron Charles, considera o projeto uma boa oportunidade para aprender. “Além de tudo, nos divertimos muito. Em vez de ficar na rua, temos alguma atividade”, opinou o aluno, que tem 17 anos e pensa em trabalhar na área de informática futuramente. Orientado por Hartung, Heron teve seu trabalho escolhido no ano passado durante um concurso do Ministério da Ciência e Tecnologia para criação do mascote do Laboratório Nacional de Computação Científica.

 

 

O professor se orgulha dos jovens que, muitas vezes, utilizam o computador de casa para realizar os trabalhos, já que, segundo ele, os dez aparelhos disponíveis na escola ainda são um tanto precários. O programa não possui incentivo financeiro e não tem fins lucrativos. “É gratificante ver o quanto os alunos se concentram e se dedicam. Eles põem muita energia naquilo”, diz.

 

Outro projeto similar é o Novos Talentos, promovido pelo Programa Santa Catarina Games, Móbile e Entretenimento Digital, ou Santa Catarina Games, simplesmente. O objetivo do projeto é estimular e inserir jovens de baixa renda e educadores do ensino público dentro do tema tecnologia e games. As aulas começaram em março deste ano e o curso tem duração de seis meses. Nesse caso, existe o apoio de instituições de pesquisa e ensino e do próprio governo de Santa Catarina.

 

 

 

Fotos: Divulgação

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