Oportunidades para empreendedores na área da tecnologia da informação. Esse foi o tema da mesa redonda organizada nesta quinta-feira, dia 13, pelo jornal O Estado de S. Paulo e a Livraria Cultura. Mediado pelo jornalista Renato Cruz, repórter do caderno de economia do Estadão, o debate foi conduzido por Romero Rodrigues, presidente do Buscapé, site de busca e comparação de preços; Aleksandar Mandic, um dos pioneiros da internet no Brasil; Marcelo Romeiro, gestor de fundos da Rio Bravo; e Gustavo Morales, presidente da HotWords, empresa que publica anúncios inseridos em textos da internet. A equipe do Instituto Claro esteve presente para conferir as junções que esses grandes empreendedores percebem entre o que é criado de conhecimento em universidades e institutos de pesquisa e o que o mercado exige hoje em dia.

Romero e Gustavo, ambos com menos de 35 anos e responsáveis por dois grandes cases de sucesso no mercado (o Buscapé e a HotWords atuam hoje fora do país, na América Latina e Europa) relembraram as dificuldades do início e expuseram suas perspectivas para o setor; Marcelo, na outra ponta, contou o que o investidor procura em projetos de comunicação digital. O consenso da mesa – fundamental para estudantes e pesquisadores com vistas ao empreenderismo – foi o de que hoje quem quiser ingressar no mercado digital, com chances de obter sucesso, precisa ter um projeto sólido e, mais importante, um time competente para executá-lo.

 

A situação é totalmente diversa do que aconteceu há 10 anos, quando houve o chamado “estouro da bolha” da internet. Os investidores de hoje apostam em idéias consistentes e viáveis, conduzidas por quem entende do assunto. “Antes o cenário era mais nebuloso, e existiam mais sonhos do que possibilidades concretas. Hoje, já existe mais escala por causa da popularização da banda larga e qualquer projeto ganha tração muito rapidamente”, disse Romero. “Por isso, o projeto tem que ser real e sólido para ser atrativo. O investidor está mais seletivo, buscando fechar negócios com quem realmente é profissional”, concordou Marcelo.

 

Mas isso não é motivo para desanimar inventores e pesquisadores, pois a ousadia na construção das ideias de forma alguma ficou em segundo plano. A comunicação digital cada vez mais faz parte do dia a dia das pessoas, ampliando o leque de oportunidades para a inovação. “Acho fantástico, por exemplo, o uso da tecnologia da informação como recurso pedagógico para o ensino de disciplinas como geografia e biologia, usando efeitos 3D e outros aplicativos que tornam o aprender muito mais divertido e interessante para o professor e o aluno”, exemplificou Marcelo, sobre a mudança que está só começando nos processos de aprendizagem.

 

Uma ideia na cabeça e um plano realista nas mãos

O empreendedor precisa ter um objetivo claro e estar preparado para lidar com as oscilações do mercado sem perdê-lo de vista. Precisa também enxergar as oportunidades para o seu negócio e arrumar a casa para absorver impactos que vêm de encargos tributários ou trabalhistas. Por isso, o talento de gestor de quem está por trás das idéias está se tornando imprescindível.

 

No caso da HotWords, o potencial do negócio fundado em 2006 – que conecta anúncios publicitários a palavras de sites – chamou a atenção de três players internacionais em apenas quatro anos de vida. “Foi só na terceira vez em que fomos procurados que nos sentimos seguros o suficiente para fechar negócio com o investidor – sabíamos exatamente os riscos que corríamos e as vantagens e fraquezas que tínhamos”, disse Gustavo. Hoje, a Hotwords é parte da plataforma digital do Grupo Prisa, maior conglomerado de comunicação espanhol, e deve passar a atuar no Chile e na Colômbia ainda este ano.

 

Dicas para o empreendedor digital

    • “Tenha um objetivo claro para não perder o foco” (Mandic)
    • “Seja resiliente, pois você vai escutar muitos ‘nãos’” (Marcelo)
    • “Acredite na idéia. Se alguém disser que seu projeto é impossível e que você está louco, fique tranqüilo, isso só indica que você está no caminho certo” (Romero)
    • “Escolha com cuidado as pessoas com quem você vai trabalhar. No final, o que resta mesmo são as relações humanas” (Gustavo)

 

O Buscapé, desenvolvido em 1990, teve seu fim decretado diversas vezes, antes de se firmar no mercado nacional e latinoamericano. “No início, era muito difícil fazer com que os vendedores revelassem seus preços na internet e praticassem o e-commerce. Existia o problema da falta de segurança, das fraudes e uma série de fatores que precisaram ser contornados antes de despertarmos o interesse de investidores nacionais e estrangeiros. Mas isso faz parte do empreendedorismo”, disse Romero.

 

Para Marcelo, da Rio Bravo, o investidor está de olho na mudança do perfil brasileiro como consumidor e no crescimento da mídia digital, que tem atraído cada vez mais anunciantes. “Projetos que exploram a intersecção dessas áreas têm sido bem vistos pelo mercado”. Mandic disse ainda que o ambiente escolar também pode ser um campo fértil e inspirador para novos projetos de comunicação digital. “É na escola que se desenvolve e se fortalece a cultura digital”, acrescentou. Vem daí a força que, segundo Romero, vai impulsionar um novo ciclo de investimento no setor. “Acredito que daqui para frente vamos ver mais jovens com idéias inovadoras e viáveis dentro do mercado da internet, com escala e futuro promissores”.

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