Ser curioso é parte importante do processo de aprendizagem. Afinal, a curiosidade pode estimular a pesquisa sobre um assunto desconhecido e a busca por respostas. Mas para a surpresa do professor da rede municipal de São Paulo (SP), José Rosemberg, seus alunos do segundo ano do ensino fundamental vinculavam a curiosidade a conceitos negativos.
 
Docente de Informática Educativa das escolas Fagundes Varella e Jardim Mitsutani I, ele decidiu trabalhar verbetes curiosos sobre animais. Ao questionar os estudantes sobre o que era curiosidade, ouviu respostas como: "é fazer coisas erradas" e "é quando a gente se mete onde não deve".
 
“São dizeres adultos que impactam nas crianças. Falas como ‘de curiosidade morreu o gato’ são carregadas de sentido e as crianças tomam para si como verdades”, adverte. 
 
Rosemberg desenvolveu, então, o projeto “Curiosos em Ação”, no qual desafiou as crianças a se organizarem em trios e a formularem uma pergunta curiosa sobre um determinado animal. 
 
“Eles registraram a pergunta na ferramenta Padlet, conversaram sobre o assunto e levantaram hipóteses de respostas. Na sequência, investigaram possíveis respostas, pesquisaram em pelo menos três sites diferentes e escreveram um pequeno texto (verbete) saciando a curiosidade”, relata. 
 
Ao final, os verbetes viraram slides e o material se transformou em uma espécie de dicionário. Como nem todos os alunos da escola possuíam acesso à internet, o material foi gravado em DVD e cada participante ganhou uma cópia. 
 
Habilidades do século 21
Para Rosemberg, o objetivo do projeto foi desenvolver tanto conhecimentos de informática, ao pesquisar sites e imagens, editar textos e usar PowerPoint, como habilidades necessárias para o século 21. A lista inclui pesquisar, ler, selecionar, comparar, relacionar informações, escrever, trabalhar em grupo e expor ideias. 
 
“Acreditamos que esse trabalho, ao trazer aos alunos essa postura de reflexão e ação, de modo dialético, faz com que as crianças elaborarem estratégias de resolução, sem uma ‘receita’ pronta. Exige flexibilidade, disposição para a mudança e trabalha com processos colaborativos, aprendendo e ensinando o tempo todo”, defende. 
 
Recursos simples
Uma das vantagens do projeto é a sua acessibilidade e praticidade no uso de recursos. “Numa das escolas o computador não funcionava bem. Em ambas, a internet era péssima. Por isso, optamos por trabalhar muito offline”, destaca. Para José, o uso de recursos simples não comprometeu o trabalho e ainda pode servir de inspiração para outros professores que não possuem acesso aos aparatos tecnológicos. 
 
“O PowerPoint, por exemplo, é um programa básico, mas oferece muitas possibilidades. O Padlet também é leve para se utilizar mesmo com internet lenta”, recomenda.  “Além disso, o que o professor propõe a seus alunos, também toma para si: planejar e criar estratégias de resolução de problemas em meio a uma realidade instável, surpreendente”, conta. Conheça mais sobre o projeto “Curiosos em ação” aqui e aqui.
 
Rosemberg apresente seu projeto durante o Seminário Internacional “Tecnologias
para transformação da educação”, em novembro de 2016 (Crédito: divulgação) 
 
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