A utilização da internet do celular pelos professores com os alunos do ensino fundamental cresceu consideravelmente em 2016 quando comparada ao ano anterior. O aumento foi de 35% para 61% no 5º ano do fundamental, e de 38% para 42%, no 9º do fundamental. Os dados contemplam docentes tanto da rede pública quanto da particular e são parte da pesquisa TIC Educação 2016, divulgada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br).

A sétima edição da pesquisa foi realizada entre agosto e dezembro de 2016 em 1.006 escolas públicas e privadas de áreas urbanas de todo o país. Foram entrevistados 935 diretores, 922 coordenadores pedagógicos, 1.854 professores e 11.069 alunos do 5º e 9º ano do ensino fundamental e do 2º ano do ensino médio.

Já no 2º ano do ensino médio houve queda (42% para 41%). “Uma explicação é que o professor do fundamental fica mais tempo com os alunos, há mais atividades lúdicas e interdisciplinares. Já no ensino médio, há uma maior valorização do conteúdo e o tempo de aula é menor”, pondera gerente do CETIC.br, Alexandre Barbosa.
Quando o recorte são apenas os professores da rede pública das três séries investigadas – 5º e 9º ano do fundamental e 2º ano do médio –, o aumento total foi de 36%, em 2015, para 46% no ano seguinte.
Mal aproveitamento 
Outro destaque da pesquisa é que há uma disparidade entre a presença de computadores e celulares com acesso à internet na escola pública e seu uso por alunos e professores nas atividades pedagógicas. Enquanto 81% têm laboratórios de informática, em apenas 59% são utilizados – uma queda de 2% em relação à pesquisa de 2015. “Falta de manutenção e baixa velocidade de conexão ajudam a explicar esse fenômeno”, assinala Barbosa.
No geral, o celular se tornou o principal equipamento utilizado pelos alunos para acessar à internet (de 73% para 77%). “Bem mais do que todos os outros dispositivos somados”, comparou a coordenadora da pesquisa TIC Educação, Daniela Costa. Contudo, enquanto 52% dos alunos afirmaram utilizar a Internet do celular para atividades escolares, apenas 31% faziam isso dentro da escola.
Embora seja uma realidade, a baixa velocidade da banda larga oferecida nas escolas não pode ser considerada um fator restritivo deslocado do processo educacional, no qual a mediação do educador e a cultura escolar são centrais. “É verdade que 27% das escolas públicas possuem velocidade de 1 a 2 mega, o que torna inviável disponibilizá-la para 600 alunos. Porém, há também uma questão de cultura tecnológica. Muitas escolas e professores ainda impedem o uso do celular em sala de aula, mesmo quando o aluno possui internet no seu dispositivo móvel, por exemplo”, lembra Barbosa.
Desigualdades no acesso
A escola particular também apresentou queda na presença de laboratórios (de 58% para 47%). Entretanto, quantidade desse tipo de espaço (47%) e seu uso (46%) ficaram próximos.  “Houve um equilíbrio entre ter e utilizar”, ressalta Barbosa.
A queda, aqui, é explicada por fatores diferentes da escola pública. Nas particulares, houve um aumento significativo da internet na sala de aula (de 72% para 82%) e nas bibliotecas e salas de estudo (59% para 69%). “Ou seja, a internet está migrando dos laboratórios para outros locais mais sintonizados com a dinâmica de aprendizagem”, analisa Barbosa. “Além disso, 30% das escolas possuem velocidade de 5 a 10 megas, e 28% de 11 megas ou mais. Isso facilita o acesso”, compara.
Na escola pública, o uso da internet em sala de aula cresceu de 43% para 55%. Nas bibliotecas e salas de estudo, o aumento foi de 43% para 47%.
Professores mais conectados
Seguindo a tendência do ano anterior, o uso da internet via celular pelos professores também cresceu (de 85% para 91%), assim como a sua utilização em atividades com alunos (39% para 49%). Além disso, os dados ainda apontam que professores de todas as faixas etárias estão sintonizados com a tecnologia.
“Todas as gerações de docentes sentem a necessidade da tecnologia de forma igual. Então, o uso da internet não é uma imposição, mas uma demanda da prática”, reflete Costa. A diferença é que os professores com menos de 30 anos tiveram mais oportunidade de formação tecnológica que os docentes com 46 anos ou mais: 64% contra 40%.
Para a coordenadora científica da pesquisa, Leila Iannone, os novos dados reforçam a necessidade de políticas públicas mais igualitárias. “É preciso insistir em condições de acesso e de infraestrutura similares na rede pública e privada. Além disso, formação de professores e materiais didáticos são necessários para os docentes usarem os equipamentos tecnológicos de forma produtiva e integrada com a questão curricular”, defende.
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