O professor acredita que as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) podem trazer um impacto positivo na educação. O dado, da pesquisa TIC Educação 2013, vai contra a ideia comumente difundida de que os educadores seriam resistentes à adoção de dispositivos digitais para melhorar o ensino. Cerca de 86% dos entrevistados responderam que passaram a acessar materiais mais diversificados e de melhor qualidade ao adotar as TIC no cotidiano.

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“Discordo de uma concepção tradicional que acredita que o professor é um obstáculo para incluir os artefatos digitais nas atividades didáticas. O que acontece, entretanto, é que os dispositivos não montam as aulas sozinhos. Os smartphones e tablets não são, na sua origem, preparados para ações pedagógicas, mas para uma audiência geral. Então, não vêm pronto”, avalia o professor de psicologia da Universidade Federal de Pernambuco (Ufpe), Luciano Meira, e colaborador das Olimpíadas de Jogos Digitais e Educação.
 
Para ele, existe a necessidade de construir adaptações para a utilização de ferramentas digitais em sala de aula. A dificuldade residiria justamente nesse ponto, o de ligar as TIC aos processos pedagógicos. “Está aqui o problema: na montagem inovadora para usar aquilo que o professor sente dificuldade de ensinar”, acredita Meira.
 
De acordo com a coordenadora da pesquisa TIC Educação 2013, Camila Garroux, os indicadores do estudo apontam para um perfil proativo no uso das tecnologias. Chega a 51% os professores que levam o notebook pessoal para a sala de aula. “Quando perguntamos quais são os motivos, responderam que é principalmente para apoiar as atividades com alunos. Se engana quem acha que levam para usar e-mail pessoal ou rede social”, diz. Apoiar as atividades pedagógicas foi a resposta de 76% dos entrevistados.
 
Outro dado da pesquisa aponta que 92% passaram a adotar novos métodos de ensino pelo meio digital e 89% relataram cumprir as tarefas administrativas com mais facilidade. Apesar disso, Meira admite que o avanço no uso das tecnologias para o ensino, bem como para o ganho na qualidade do aprendizado, ainda ocorre de forma bem gradual, “por conta das condições que não são favoráveis. Uma delas é o conjunto de conteúdos que obrigatoriamente devem ser ministrados em sala, deixando pouco espaço para fazerem coisas diferentes”.
 
A formação inicial do professor é pontuada pela pesquisadora Camila também como outro complicador. “A TIC ainda é recente. Em termos de regulamentação, em 2009, foi incluído o primeiro item que se referia ao uso dessas tecnologias no Plano Nacional de Educação [PNE]. Sozinho, o professor não vai conseguir. Há necessidade de políticas públicas”, acredita Camila. “A maior parte das licenciaturas não enfoca as práticas didáticas, a montagem de atividades com essas ferramentas digitais. Fica muito na reflexão teórica sobre educação, o que não ajuda a ser um professor hábil”, completa Meira.
 
Professor conectado
O uso da internet continua praticamente universalizado entre os professores de escolas públicas (99%), segundo a TIC Educação. Também, o acesso à rede por meio de dispositivos móveis cresceu 14 pontos percentuais em 2013, se comparado ao ano anterior: 36% dos professores declararam acessar a rede por meio de telefone celular, sendo que no ano anterior o número era de 22%.
 
O estudo, realizado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), entrevistou, entre setembro e dezembro de 2013, 939 diretores, 870 coordenadores pedagógicos, 1.987 professores e 9.657 alunos, de 994 escolas públicas e privadas, localizadas em áreas urbanas de todas as regiões do país.
 

 

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