Em uma sociedade cada vez mais “veloz”, o desafio de estar próximo à realidade também surge no campo do ensino. “A pior coisa é não colocarmos a educação no nosso tempo”, avaliou a professora da pós-graduação da Escola da Vila, Iara Glória Prado. Junto com outros especialistas da área, ela participou do seminário “Educação: Gestão e Tecnologias”, nesta terça-feira (21/05), em São Paulo (SP).

Os cursos de licenciatura e a formação de professor para a educação básica são um grande impasse atualmente, apontou a doutora em educação e professora da pós-graduação em letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Maria Lúcia Vasconcelos. “Cursos têm deixado grandes lacunas. Não estão da maneira adequada e secretarias têm que suprir essas lacunas na formação continuada, que deveria ser só uma atualização. A universidade pensa um modelo que não atende na prática quando o professor vai para a sala na educação básica”, disse ela.


“Cursos têm deixado grandes lacunas”,
afirmou a professora Maria Lúcia

Após realizar pesquisas para o poder público na Suíça, a especialista em inovação e professora da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Genebra, Monica Gather Thuler, reafirmou a necessidade de aumentar a capacidade de o professor ensinar na sala de aula. “Para fazer com que a escola evolua, não há resposta pronta. O êxito de um projeto depende de um conjunto de parâmetros e fatores humanos compatíveis entre si. Um deles é a capacidade do professor conseguir dar aos alunos um ensino que permita a eles atingirem objetivos para terem uma boa vida depois da escola.”

Educação hoje
Em termos de políticas públicas, há programas atuais que buscam dar respostas aos desafios do ensino, de acordo com a presidente do Conselho do Centro de Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), Maria Alice Setubal. Também, a diretora executiva da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Saede), Maria Helena Guimarães de Castro, lembrou que diversos programas para a educação básica foram criados de 1995 a 2006.

Ela destacou a criação do Fundef [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério] que permitiu uma divisão proporcional dos recursos para as escolas do país. Antes do programa, um aluno no Maranhão recebia por ano US$ 1240, já em São Paulo o número caia para US$ 125. No entanto, é preciso avançar, de acordo com Maria Alice.


Maria Alice: “hoje, o conhecimento está
pautado pelas novas tecnologias”.

“Hoje, o conhecimento está pautado pelas novas tecnologias, que é muito mais do que um instrumento. Não adianta só ter um computador por aluno, se trata de uma nova forma de construir conhecimento, que deve ser mais transdisciplinar, ter um olhar sistêmico. Isso não quer dizer que devemos acabar com disciplinas por matéria, mas sim que elas devem se conversar”, afirmou.

Tecnologia
“A tecnologia é parte integrante da cultura da escrita”, lembrou Iara Glória, que dividiu a evolução em três períodos históricos: “a primeira revolução foi a invenção da escrita, depois veio a criação da prensa, e terceira é agora, quando temos teclado e tela [computadores]. Não podemos ficar chorando. A palavra de ordem agora é uma biblioteca em cada ser humano, em cada casa, você tem um mundo ali na internet.”

A consultora especialista em tecnologias da informação e comunicação (TIC) na educação, Márcia Padilha, acredita que “atualmente, somos pouco ambiciosos no uso de dados para fazer a gestão da educação”. Ela exemplificou como boa a iniciativa ganhadora da Hackaton — maratona para estimular pessoas a utilizarem sua criatividade e tecnologias para transformar informações de interesse público em serviços para melhorar a educação.

Leia também:
– Articulação de censos educacionais pode avançar qualidade da educação

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