O espaço dedicado especialmente às crianças e jovens no campo do audiovisual ainda é incipiente no Brasil, de acordo com especialistas ligados a mídia, que debateram o tema durante o V Encontro Brasileiro de Educomunicação, nesta sexta-feira (20/09), em São Paulo (SP).

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“A linguagem que utiliza som e imagem é uma das mais influenciadoras e impactantes na vida das pessoas. Apesar de ninguém duvidar sobre o direito das crianças a uma produção audiovisual de qualidade, isso ainda não se reflete na realidade”, analisou o pesquisador e editor da Revistapontocom, Marcus Tavares.

 
Entre 2002 e 2012, foram produzidos 694 longas no país. Desse total, 29 (4,2%) são voltados para o público infantil. “E desses, 11 são da ‘franquia’ Trapalhões e Xuxa”, relatou Tavares. “Na prática, a produção é baixa e pior: onde fica a inovação nelas? A discussão da qualidade da produção não chegou ainda nas universidades que estão formando pessoas para trabalhar com audiovisual, bem como na própria sociedade.”
 
Pesquisador da área, Marcus Tavares aponta para a importância de
retratar a identidade nacional na produção audiovisual

 
Apesar da crítica, Tavares também reconheceu que houve avanços. O Plano de Diretrizes e Metas para o Audiovisual  – documento que apresenta a estratégia de desenvolvimento para o setor até 2020 – foi publicado no final de agosto. Uma das metas trata do acesso das escolas ao audiovisual. “Verdade que o governo federal nunca dedicou tanto recurso para produção midiática como agora. Mas temos que pensar no dia a dia, no que as crianças vão assistir”, comentou.
 
Durante o evento, o depoimento de um garoto de dez anos em vídeo surpreendeu a plateia. Quando perguntado se ele pudesse escolher entre assistir uma produção brasileira ou estadunidense, ele respondeu a segunda opção. “Porque tem mais variedade”, justificou. “Mas você queria assistir mais filmes de fora do país, então?” foi a próxima pergunta. “Queria que os filmes dos Estados Unidos fossem brasileiros”, surpreendeu Arthur Lobão, estudante da Escola Sá Pereira.
 
“Tem coisas boas internacionais, não tenho nada contra. Mas e a identidade nacional onde fica nisso? O Estado é hoje o principal financiador da cultura e educação no país. Então, por que não criar condições para dedicação melhor do audiovisual para as crianças?”, indagou Tavares.
 
O diretor geral da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Eduardo Costa, concordou que o volume da programação dos canais públicos dedicado ao infantojuvenil não tem o volume que ele gostaria. “Esse telespectador é tão importante e devemos tratar quem está do outro lado da tela com a perspectiva do cidadão, ou seja, portador de direitos”, apontou.
 
Há 39 projetos de seriados de TV com foco na criança e adolescência sendo desenvolvidos pela EBC. As estreias estão previstas para ocorrerem até o final de 2013, e nos anos de 2014 e 2015. “Também, temos preocupação com regionalização. Programas que reflitam diversas realidades do Brasil. Por exemplo, o programa ‘Catalendas’, da TV Cultura do Pará, mas por enquanto ainda são pontuais.”
 

Mesa durante encontro trata da educomunicação para crianças e jovens
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