Ainda há dificuldades de enxergar o potencial dos ambientes virtuais de aprendizagem, de acordo com debatedores do evento “Educação, Comunicação e Informação: Estratégias e Tecnologias”, que aconteceu na Universidade de São Paulo (USP), nesta quinta-feira (24/04). “Nossas escolas são do século 19, os professores estão no século 20 e os alunos no século 21”, ressaltou a professora Mary Caroline Skelton Macedo, que atua com ensino à distância (EAD) e tecnologias aplicadas à educação.
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Para ela, há necessidade de quebrar um preconceito existente contra os ambientes virtuais de aprendizagem. “Percebo dificuldade do professor em ver a amplitude que a aprendizagem ganha para além das paredes da sala de aula, com as TICs [Tecnologias da Informação e Comunicação].”
“Mas quando a ideia antiga é desconstruída, ele consegue enxergar que também está nesse contexto das tecnologias e que pode colaborar muito com isso. Os alunos são criativos e compõem de maneira espetacular, mas precisam ter espaço. A questão é trabalhar em rede e assumir, por exemplo, as redes sociais dentro do ensino”, analisa.
Curso de inglês online é ministrado em São Paulo (Crédito: Milton Michida/A2)
Outro desafio, segundo o professor e pesquisador da Universidade de Campinas (Unicamp), Adolfo Tanzi Neto, é o de pensar a transposição do ambiente presencial para virtual, já que não bastaria pegar o material de um local e colocar no digital, como tem ocorrido com parte dos cursos de ensino à distância.
“Sobre um curso EAD no qual a única forma de comunicação é o texto, o aluno já pensa ‘que coisa chata’. Ele está inserido nas novas práticas sociais, que geram novas formas de olhar o mundo. A questão é como fazer o aluno que usa tecnologia sentir que pertence a esse ambiente do curso EAD. Temos que pensar no conteúdo ali e no design”, afirma Neto.
“Estamos no começo de um processo que não tem retorno. O futuro vai estar condicionado ao uso das novas tecnologias e acredito que em pouco tempo, poderemos oferecer cursos online de graça para todos, e o aluno poderá acessar de onde estiver e a hora que quiser”, concluiu o diretor de mídias digitais da USP, Gil da Costa Marques.
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