Cortella: “A tecnologia deve ser usada para facilitar a produção de
conhecimento” (Crédito: 
0/divulgação)
 
O acesso a diferentes fontes de informação e tecnologias faz com que o aluno esteja situado em um processo de aprendizagem cada vez mais fragmentado e dinâmico. Por esse motivo, o filósofo e educador Mario Sergio Cortella reforça que o jovem necessita de foco na hora de se apoiar no mundo virtual ou na tecnologia. Ele participou do painel "O aluno movente e as novas tecnologias", no Congresso Internacional CBL do Livro Digital, nesta quinta-feira (25/8), em São Paulo (SP).
 
“Há uma diferença entre ser flexível e volúvel. O jovem flexível é capaz de alterar seu modo de ação e a sua prática de acordo com a circunstância proposta. O jovem volúvel, em contrapartida, move-se de acordo com o vento. Por esse motivo, há pessoas que não navegam na internet, mas naufragam. Elas entram em uma trajetória hipertextual e vão se distraindo”, pontuou.
 
De acordo com ele, “há um nomadismo informacional que pode nos levar desde a pluralidade de fontes, o que é positivo, até confusões quanto às informações que coletamos. Se o navegador tem clareza de onde quer ir, ele vai recolhendo em vários territórios o que será necessário para a sua jornada. Caso contrário, ele agirá como aquela frase do gato de ‘Alice no País das Maravilhas’: para quem não sabe aonde ir, qualquer caminho basta”. 
 
Ainda, segundo Cortella, o excesso de informações ao qual o jovem de hoje está submetido deve ser diferenciado do conceito de conhecimento. “A informação é acumulativa enquanto o conhecimento é selecionado e apropriado pelo estudante. Assim, a informação deve ser o ponto de partida para a aprendizagem, não o de chegada”, finaliza. 
 
Tecnologia para autonomia
A escolha do aparato tecnológico correto, vinculado aos objetivos da aprendizagem, também é fundamental para evitar distrações por parte dos alunos durante sua jornada fragmentada. “Vivemos um tsunami informacional que é magnífico em termos de pluralidade de fontes, mas também gera volubilidade. Uma parte das tecnologias é distrativa. Por isso, é importante usar tecnologias que não desconectem o usuário do conteúdo”, opina Cortella.
 
Para o filósofo tecnologias analógicas e digitais não são excludentes, cada uma tem seu momento apropriado de uso pelos educadores. “O papel, por exemplo, é a tecnologia de ensino à distância mais antiga, pois permitiu levar o conhecimento para outro lugar. Em algumas situações, ela pode ajudar a aprofundar o conhecimento de modo mais eficiente do que o livro digital. Além disso, o jovem pode alternar os canais, navegando da plataforma digital para o papel ou mídias convergentes”, completa.
 
Por fim, Cortella apontou que o uso da tecnologia deve ser direcionado para levar à autonomia do sujeito, não à sua submissão. “Em linhas gerais, a tecnologia deve ser usada para facilitar a produção de conhecimento.”
 
O painel reuniu além de Cortella, o coordenador de tecnologias educacionais
do Colégio Santa Cruz Moisés Zylberstajan; a diretora da Guten Educação e Tecnologia
Danielle Brants e Daniel Igarashi, do Somos Educação (Crédito: Leonardo Valle)
 
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