Trocar uma ética baseada no acúmulo de bens e na busca de poder e sucesso por aprender a cuidar. Esse é o pensamento defendido pelo filósofo e educador colombiano Bernardo Toro para mudar a educação não somente no Brasil, mas na América Latina.
 
“Aprender a cuidar é o novo paradigma da educação”, defendeu ele durante uma aula magna para a primeira turma do curso de graduação e licenciatura da Faculdade Sesi-SP de Educação, em São Paulo, besta segunda-feira (13/02).
 
Para Toro, a educação na América Latina só irá mudar quando aprendemos a cuidar das pessoas que são estranhas e desconhecidas a nós. “Ou seja, só muda quando nos preocuparmos com o filho do outro”, exemplificou.
 
O filósofo comentou que quando perguntam a um finlandês quais os critérios que o levaram a escolher a escola de seu filho, ele não entende. "O finlandês sabe que a escola do seu bairro é tão boa quanto as demais do país. A mesma educação é garantida para todos, tanto para o filho do motorista quanto para o filho do dono da indústria de caminhões.”
 
“Com exceção de Cuba, todos os demais países da América Latina aprenderam a aceitar em suas mentes e corações a divisão de dois sistemas de educação: um público e outro privado. A igualdade só acontecerá após um aumento da quantidade e qualidade das instituições públicas de educação”, concluiu.
 
Importância das instituições
Ainda segundo Toro, aprender a cuidar das instituições é outro passo importante para a conquista de uma educação de qualidade. “Nossa educação não visa cuidar das instituições, sejam elas públicas, privadas, sociais, políticas ou culturais. Somente quando desaparece um Senado é que entendemos realmente a sua importância”, advertiu. 
 
Para ele, as crianças e adolescentes precisam entender o que é o Senado, municipalidade e questões relacionadas a ele para aprender a protegê-los, além de criticá-los, quando necessário. "Precisamos de educação institucional, porque só por meio das organizações nos tornamos atores sociais.”
 
Por fim, o filósofo citou o estimulo a formação de crianças e jovens autônomos para a conquista de mudanças sociais. “Estimular a autorregulação pessoal e social  leva à liberdade. Precisamos passar da heterotomia para a autonomia. A heterotomia é a regulação externa, o comportamento normado, que leva às dualidades temor-dependência, aprovação-culpa, prêmio-castigo e, por fim, dor”, explicou. Já na autonomia, a regulação é interna. Haveria responsabilidade, construção de projeto de vida, mudança e alegria, de acordo com Toro.
 
 
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