A Interdidática 2010 – Exposição Internacional de Sistemas e Soluções em Tecnologia Educacional teve lugar em São Paulo nos dias 28, 29 e 30 de abril. A equipe do Instituto Claro esteve presente e, entre outros debates, acompanhou palestra do jornalista Ethevaldo Siqueira sobre “Como as tecnologias vão mudar a educação”. Colunista do jornal O Estado de S. Paulo, da Revista Época e da Rádio CBN, o jornalista falou sobre os avanços dos computadores, celulares, internet e outras tecnologias e ressaltou que a utilização correta desse arsenal de novos recursos é o grande desafio para escolas, professores e alunos.

 

No Brasil, temos um bom panorama do uso de internet e celulares. De acordo com dados apresentados pelo jornalista, o número de usuários de internet no Brasil representa o dobro da população da Argentina e somos o quinto mercado mundial de telefonia móvel. Em 1994, tínhamos 0,8 milhão de aparelhos; até o final do ano, devemos chegar a 200 milhões – ou seja, mais celulares do que pessoas no país. “O celular é um canivete suíço, sendo capaz de unir música, computador embutido, televisão, internet, enviar e receber informações e outras funções, todas com o benefício da mobilidade. É por isso que nenhuma tecnologia se expandiu tanto e em tão pouco tempo no mundo”, diz Ethevaldo.

 

Agora vivemos um momento em que são criadas interfaces mais humanas, incluindo reconhecimento de voz, gestos, movimento, touch screen e acelerômetro. As novas tecnologias começam a mudar profundamente a educação em todo o mundo, inclusive no Brasil. Há o surgimento de aplicativos e recursos destinados especificamente a aprimorar o processo de ensino-aprendizagem. Ethevaldo acredita que “nos próximos três anos, as tecnologias, em especial as que estão associadas à mobilidade, deverão ganhar maior impacto, tanto no ambiente escolar quanto na vida pessoal dos alunos. Elas irão permitir o acesso, a qualquer hora e em qualquer lugar, ao conhecimento – seja ele o conteúdo de aulas, palestras e livros, seja a realização de provas e testes de aproveitamento”.

 

Apesar de acreditar que o livro impresso não será substituído até 2025, o jornalista ressaltou o triunfo dos novos e-books e e-readers, que começam a cair realmente no gosto popular, principalmente após o lançamento do iPad. “Desde Gutenberg, não surgiram muitas revoluções no livro impresso, apenas a substituição de tipos móveis por outras tecnologias de impressão. O e-book foi a primeira grande revolução. Ele tem potencial para vencer o papel. Podemos publicar nossos trabalhos, comprar eletronicamente e até conseguir conteúdo gratuito. Características como essas fazem dele um sucesso”.

 

 

Ethevaldo acredita que todos os avanços tecnológicos irão, sim, ser aplicados de forma produtiva dentro das salas de aula brasileiras – com qualidade e quantidade significativas. Para que isso aconteça, porém, é necessário superar dois obstáculos: a postura do governo e a cabeça do professor. “As escolas públicas brasileiras ainda vivem um primeiro momento da revolução tecnológica. Quando os mestres eliminarem sua resistência natural, deixando de lado o medo do computador e da internet, conseguirão combinar tudo da melhor maneira possível e se aproximar da linguagem dos alunos. Já o governo tem de transformar a educação em prioridade e modernizá-la”.

 

Observando exemplos de outros países, onde a tecnologia ganha mais espaço nas escolas, ele acrescenta que “o estado precisa agir junto com a sociedade, com as empresas. Mercado e estado devem se somar. Nos Estado Unidos, Berkeley é mantida pelas maiores empresas do país. Vemos isso acontecer até na China, mesmo ela não tendo feito uma revolução capitalista. Sei que é um desafio, mas quando você investe em educação, tudo mais se viabiliza – ciência, tecnologia, pesquisa, política, ética etc. É um processo de mudança de mentalidade.”

 

Ethevaldo Siqueira possui dez livros publicados, entre eles: 2015 – Como Viveremos (2004); Tecnologias que Mudam Nossa Vida (2007); Revolução Digital (2007) e Para Compreender o Mundo Digital (2008).

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