Ambiente dos mais propícios para o intercâmbio de conhecimento, a Campus Party Brasil colocou na mesma mesa novos e experientes empreendedores. A palestra “Jovens da web x Grandes sucessos digitais”, nesta quarta-feira, discutiu o cenário atual do empreendedorismo e o potencial do meio digital para aqueles que buscam criar novas ferramentas e soluções para a sociedade.

 

Giulliana Bianconi

Debate abriu programação do segundo dia no palco principal da Campus Party

Representantes de uma nova geração de empreendedores, aquela que nasceu mergulhada na cultura digital, Daniel Sollero e Gustavo Scanferla trocaram impressões com os veteranos Jonny Ken Itaya, fundador do Migre.me, Aleksandar Mandic, sócio-fundador do IG, Abel Reis, fundador e diretor da Agência Click, e Pedro Mello, jornalista especializado em empreendedorismo.

Num momento em que o terreno das redes sociais já não suscita mais dúvidas a respeito da aceitação como nova forma de comunicação e interação social eficaz, os participantes apontaram que as possibilidades para os empreendedores ainda são muitas nesse nicho, que apenas começou a ser explorado.

As diferentes gerações concordaram que boas ideias terão cada vez mais espaço e acolhimento de empresas e investidores que buscam apostar em projetos que atendam as necessidades atuais, ao mesmo tempo em que olham para o futuro.

“Ninguém precisa descobrir uma nova tecnologia todos os dias para criar um serviço ou uma ferramenta inovadora. O Twitter e o Facebook não são tecnologias supernovas, por exemplo. O que vai fazer a diferença é a forma como se faz uso do que já está disponível”, observou Daniel Sollero, sócio e cofundador do Moovee.me, rede social de resenhas de filmes em até 140 caracteres.

Jonny Ken Itaya, que até 2009 era um estudante de ciências biológicas da USP com experiência profissional na área de tecnologia da informação, destacou que o projeto que mudou a sua vida, o hoje popular encurtador de URL Migre.me, nasceu em uma brincadeira de amigos na própria Campus Party, sem qualquer pretensão de se tornar um negócio. Para quem tem a impressão de que viu recentemente no cinema uma história semelhante, no filme “A Rede Social”, não está enganado. Boas ideias entre amigos “geeks” surgem com frequência, mas o caminho que leva as ideias ao status de projeto passa, necessariamente, pelo empreendedorismo, segundo afirmou Aleksandar Mandic.

O quanto se pode contar com a universidade 

Jonny Ken Itaya questionou o quanto a universidade forma alunos para serem empreendedores, pois admitiu que no momento de transformar aquela sua “brincadeira” do acampamento de tecnologia em um negócio de “gente grande” percebeu lacunas na sua formação. O diretor da Agência Click, Abel Reis, respondeu afirmando que a universidade brasileira sempre teve um viés academicista forte, e o movimento de mudança em relação a isso veio se tornar relevante nos anos 1990, com as incubadoras de projeto. “Mas ainda estamos longe de termos uma visão empreendedora nas universidades como nos centros de pesquisa americanos, a ideia de desenvolver produtos ou patentes ainda é até mal vista em alguns lugares” disse.

Giulliana Bianconi

Os jovens empreendedores Daniel Sollero e Gustavo Scanferla

Gustavo Scanferla, estudante do último ano de publicidade, que desde os 15 anos “brincava” de ser desenvolvedor na rede e hoje toca a sua própria empresa, a Pligus, deu um exemplo prático da diferença que ainda se faz presente nas instituições de ensino entre a “tradicional carreira profissional” e a “carreira empreendedora”. “Onde eu estudo, quem faz estágio ganha recompensa em horas e pode até descontar da carga horária do curso, mas quem tem empresa não tem esse desconto.”

Ainda assim, ele pontuou que acredita que a escola e as universidades são cruciais para a mudança dessa cultura que ainda pouco estimula o empreendedorismo. Qual o caminho para isso? Os palestrantes destacaram o que foi feito no município catarinense de Rio do Sul, onde a Câmara Legislativa aprovou projeto que institui a disciplina de empreendedorismo nas escolas municipais.

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