Inserção de atividades diferenciadas no processo de aprendizado, como uso de games, é outro caminho importante, afirma.
Em entrevista ao portal do Instituto Claro, o professor Fernando M. Fonseca Jr. falou sobre as evoluções nos processos de aprendizado decorrentes do uso das tecnologias digitais de comunicação. Para ele, que é parte do Núcleo de Educação da TV Cultura e tem mestrado sobre o tema, o exercício do papel do professor como mediador tem ganhado cada vez maior relevância. Enquanto a tecnologia coloca o indivíduo no limiar do aprendizado, o mediador é fundamental para que o aluno consiga ultrapassar essa fronteira.
No entender de Fonseca Jr., a tecnologia não pode ser considerada intrinsecamente boa ou má para a aprendizagem, embora destaque que existirem teorias que defendem cada uma dessas posições. “A tecnologia que liberta é a mesma que aprisiona”, afirma. Infelizmente, no momento que vivemos, predomina um uso ainda ingênuo da tecnologia, caracterizando-se pelo simples transporte, para os equipamentos digitais, das mesmas técnicas tradicionais de ensino. “Esse é um passo importante, fundamental para o processo, mas é um momento que precisa ser ultrapassado”, defende.
Para Fonseca Jr., isso acontece porque a maioria dos professores atuais não vivenciou a tecnologia em sua formação pessoal. Entre outras questões, a situação os deixa inseguros quanto ao uso de novos equipamentos nos processos de aprendizagem. Além disso, os jovens veem cada vez mais o professor como uma pessoa com quem conversar e não como uma entidade que possui saberes inquestionáveis. Tudo isso torna-se urgente garantir que o professor tenha acesso à tecnologia, que experimente, que aprenda de modo a ter segurança e desprendimento. A tecnologia possui “potencial fundamental de colocar as pessoas protagonizando, fazendo coisas, desempenhando”, diz Fonseca Jr., e a educação não pode desprezar essa oportunidade.
Esse potencial deriva do fato de que as tecnologias digitais atuam nos dois grandes pilares do aprendizado, que, para Fonseca Jr., são o acesso à informação e a interação. No primeiro, nunca houve tantos formatos possíveis, nem tantas informações ao alcance das pessoas. No pilar da interação, muitas são as novas formas de comunicação e as possibilidades de construção colaborativa. A tecnologia une essas duas frentes e cria novas formas para essas trocas, muito mais amplas e democráticas que os espaços tradicionais de ensino.
O interesse tecnológico dos estudantes, quando alimentado e trabalhado, traz um novo alento para o aprendizado, pois permite processos mais lúdicos. “O ciclo prazeroso no aprendizado é tudo”, lembra Fonseca Jr. “O brincar propicia aprendizados em níveis que nenhum outro ensino revela. O conhecimento que a pessoa possui aparece, pois o aluno está experimentando e enfrentando desafios. O jogo permite que o sujeito se coloque como inteiro.”
Mas Fonseca Jr. lembra que o uso de jogos em sala de aula representa uma quebra de paradigmas e, exatamente por esses aspectos, Fonseca Jr. acredita que os jogos podem ter um cruzamento com a escola formal, aumentando a interação do ensino, flexibilizando e enriquecendo os modos de aprendizado. Além disso, outra grande possibilidade de uso de jogos, segundo ele, está no aprendizado não escolar.