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Desde o começo do século 21, as inovações tecnológicas não param de surgir. O crescimento assusta se comparado ao do século passado, onde, por muito tempo, nada de novo aparecia nas salas de aula. E o maior desafio dos educadores hoje é, justamente, encontrar uma maneira de saber utilizar todos esses recursos, acompanhando a rapidez com que os alunos renovam seu repertório de plataformas.

A engenheira e educadora Martha Gabriel, pesquisadora do uso de tecnologias na educação e autora do livro ‘Educ@r – a (r)evolução digital na educação’, discute exatamente o papel e os desafios do professor digital em meio à enxurrada de novas ferramentas e mídias presentes no nosso dia-a-dia. Para ela, a relação entre o on e o off-line vai muito além de uma mera substituição de ambientes. O virtual tornou-se um espaço de registro e extensão das atividades do nosso corpo biológico – o que não pode ser ignorado no ambiente escolar.

Cibridismo: temos um “corpo virtual”?

“Desde o começo do mundo online, as pessoas começaram a transferir partes de si para este ambiente”, explica Martha. A ideia de cibridismo, defendida por ela, surgiu com os avanços tecnológicos dos anos 2000 e, apesar de parecer futurística, é simples, segundo a educadora: são conteúdos guardados em e-mails, fotos, vídeos e conversas em redes sociais que deixamos na web. “Quando estou fora, as conversas no meu Twitter continuam, e isso não é uma ‘cópia’ minha, mas uma extensão. E é tão importante quanto meu corpo biológico”, exemplifica.

Esta ideia de Martha impacta diretamente na educação, principalmente na relação entre professores e alunos. “Não adianta o professor ficar falando só com o corpo biológico do aluno, ali na sala de aula, porque, eventualmente, as principais partes dele podem estar no ambiente virtual”, defende. A educadora também afirma que o número de jovens que não conseguem mais estudar sem usar tecnologias é cada vez maior. “Einstein falava que seu lápis era mais inteligente que ele e Nietzsche dizia que a máquina de escrever era mais inteligente que ele. São metáforas, claro, mas se formos pensar hoje, muitos não conseguem escrever se não for no editor de texto de um computador”, explica Martha.

Para Martha – uma das cem professoras mais experts em tecnologias no mundo segundo a lista da Best Online Universities 2012 –, um dos principais desafios do nosso tempo é a mudança constante das plataformas utilizadas pelos alunos. E os professores devem estar sempre atentos a esses movimentos. “Em um momento os alunos estavam todos no Facebook. Agora, eles já estão começando a sair, migrando para o Twitter e até para aplicativos, como o Snapchat”, diz. Ela acredita que a melhor maneira de acompanhar essa metamorfose é deixar-se aprender com os alunos – nativos digitais, mas que precisam da ajuda de bons professores, envolvidos e determinados a contribuir com a mediação dos conteúdos e do acesso ao conhecimento.

O professor digital é um mediador de conhecimento

Com o fluxo de informações geradas no meio digital, o papel do professor é catalisar as informações, apresentar e ensinar aos alunos como filtrar o que existe de melhor na rede. “A grande dificuldade de um aluno, hoje, não é mais conseguir informação, mas saber o que fazer com essa informação”, aponta Martha.

Para a pesquisadora, o educador que apenas passa conteúdos adiante compete com todo o arsenal disponível para os estudantes no mundo virtual. Por isso, ela afirma que o professor ideal do século 21 é aquele que ajuda o aluno a navegar e a ter pensamentos reflexivos sobre a informação a seu alcance. “O aluno vai ser mais expert (em tecnologias) que o professor quase sempre, porque o jovem tem uma facilidade maior em abraçar o novo. Mas o educador sempre vai ter uma experiência maior do que a do aluno”, lembra.

Para que este casamento entre a técnica do aluno e a experiência do professor dê certo, investir em formação docente é essencial. Mas, segundo Martha, esta capacitação – ou pelo menos o básico dela – pode ser estimulada autonomamente e com a ajuda dos alunos. “Já existem incentivos do governo, de escolas e de universidades brasileiras para a capacitação tecnológica dos professores, mas o professor também deve tomar seu próprio rumo nesta área”, defende. “Tudo é novo. Então, você tem que experimentar para ver o que dá certo ou não”.

A barreira da conexão não pode impedir os avanços

Apesar da conexão banda larga brasileira ainda estar longe do ideal, Martha afirma que estamos em um processo de crescimento rápido desde 2011, com o boom dos planos 3G. “Quando existia a internet discada, nós desistíamos de conectar? Não! Continuávamos tentando e tentando. O mesmo acontece hoje com a conexão que temos e o cenário só tende a melhorar”, explica. Ela defende que a limitação tecnológica é facilmente superada quando as pessoas querem e utilizam os recursos que estão à disposição.

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