“A maioria das pessoas ainda não se enxerga como produtoras de conteúdo”, acredita a gestora de comunicação do projeto REA Br, Débora Sebriam. Para ela e outros especialistas da área de recursos educacionais abertos (REA) — materiais de ensino, aprendizado e pesquisa em qualquer suporte ou mídia que estão sob domínio público ou são licenciados de maneira aberta —, qualquer pessoa pode construir e publicar coisas na internet que contribuam para o ensino e aprendizagem.

Leia também:
 
Produzir conteúdo e disponibilizar de graça na internet pode configurar uma atividade em direção ao REA. “Às vezes você já faz isso e não sabe que tem um nome”, apontou o pesquisador do Núcleo de Informática Aplicada a Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Tel Amiel. A mestre em ciência da computação pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Salete Almeida, disse ter percebido, por meio de uma pesquisa que fez no estado, que para os professores, o REA é ainda algo muito obscuro. “E mesmo depois de saber do que se trata, há resistência em disponibilizar conteúdos na internet”, contou.
 
“Lembro também de uma colega que dava aula de português e ela não queria publicar nada por dizer que aquele material é o que ela tem de mais valioso, o seu diferencial. Mas não é bem assim, você compartilha e contribui assim para o coletivo e o seu nome está ali. Acaba gerando prestigio para si”, concordou a mestre em educação pela Universidade de São Paulo (USP) e coautora da coletânera "Recursos Educacionais Abertos: práticas colaborativas e políticas públicas", Bianca Santana.
 
Para Amiel, os professores não contam com bons exemplos, já que os docentes das universidades também ainda não têm a prática de disponibilizar informações online. “Mas está melhorando”, acredita. “O mais interessante é a primeira vez que você coloca algo seu disponível na internet e alguém pega, ‘remixa’ isso e você percebe que ficou muito legal. Quando percebe que isso pode ser poderoso, que na verdade, não vai usurpar o seu conhecimento, é fantástico.”
 
Os especialistas sobre REA concordam que as pessoas devem ter claro que se um conteúdo disponibilizado na internet é usado, deverá dar o crédito para a pessoa quem o produziu. “Falta a compreensão da abertura e do licenciamento. Se não der o crédito, é plágio. E o REA não é plágio, mas a possibilidade de perpetuar a informação. Tem a possibilidade de interagir e melhorar as coisas a partir de algo ali que já está pronto”, explicou Bianca.
 
O debate fez parte de um dos painéis na área de software livre, da 7ª edição da Campus Party, em São Paulo, que terminou no sábado (1º/2).
 
Veja outras matérias da Campus Party:
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments

Talvez Você Também Goste

Confira 7 filmes para debater bullying na escola

Produções ajudam a identificar a prática e conscientizam sobre preconceitos que a motivam

Como usar fanfics em sala de aula?

Produção literária colaborativa de fãs estimula leitura e escrita entre jovens

Como utilizar a culinária afrodiaspórica no ensino de química?

Pratos como feijoada, acarajé e moqueca ajudam a abordar diferentes conteúdos da disciplina

Receba NossasNovidades

Receba NossasNovidades

Assine gratuitamente a nossa newsletter e receba todas as novidades sobre os projetos e ações do Instituto Claro.