Um perigo ameaça a sociedade patriarcal, hierárquica e centralizadora: uma nova visão sobre as redes sociais. Essa foi a ideia que trouxe o professor Augusto de Franco em sua palestra no MASP (Museu de Arte de São Paulo), no dia 15 de setembro último, e é tema de seu livro “Escolas de Redes – Novas Visões sobre a sociedade, o desenvolvimento, a internet, a política e o mundo globalizado”, obra cuja leitura eu indico.

 

O fenômeno de tecer e animar redes (netweaving) não compreende a organização de redes de tecnologia, mas a organização de rede de seres humanos, podendo ou não se usar a tecnologia. Como em nosso cérebro, as redes são sistemas de nodos e conexões e, neste caso, os nodos são as pessoas e as conexões as relações entre elas que se caracterizam pela possibilidade de uma pessoa emitir e receber mensagem.

 

Pelas redes, seres humanos podem combinar suas inteligências gerando uma inteligência em rede, um novo tipo de inteligência coletiva, social, que nasce por emergência e, por causa de sua dinâmica, convertem competição em colaboração.

 

 

As redes sociais conectam pessoas interagindo segundo um grau de organização de rede distribuída, onde as pontas têm poder, pois se abrem múltiplos caminhos de conexão entre as pessoas. Nas redes sociais com padrão centralizador, ou mesmo descentralizador (este gera pequenos centros) há uma escassez de caminhos.

 

Quanto mais caminhos, mais chance de uma ideia se propagar a mais gente. Isso significa que as pessoas (os nodos da rede) terão mais chances de verem suas ideias se replicarem, ou seja, elas estarão com mais poder. Por outro lado, é o sistema que confere poder a seus componentes e, ao mesmo tempo, funciona para amplificar e processar os estímulos recebidos/emitidos por eles.

 

Muito interessantes são os fenômenos que caracterizam este tipo de rede. Em primeiro, a aglomeração de pessoas conectadas e a capacidade que a rede social adquire de induzir comportamentos. No segundo fenômeno, a inteligência coletiva “enxameia”, ou seja, distintos grupos e tendências não coordenados explicitamente entre si, vão aumentando o alcance e a virulência de suas ações. O terceiro fenômeno observado é a redução do tamanho (social) do mundo provocada por um aumento acelerado do grau de distribuição da rede. Esse “mundo pequeno” significa um mundo muito distribuído, muito conectado, uma tessitura social muito forte, portanto uma força poderosíssima, com uma grande capacidade de criar e de realizar um futuro.

 

Outro aspecto que chama a atenção no livro é a aplicabilidade das tecnologias de informação e comunicação em tempo real, como o telefone celular e a internet, nas redes sociais. A obra apresenta caminhos e sugestões para articular e animar redes sociais distribuídas pelos meios digitais. A possibilidade de interação humano-social capaz de promover um cidadão à categoria de ator relevante em uma determinada área ou setor de atividade.

 

Nesse contexto, a conclusão que fica é recomendar esse livro para educadores interessados em inovar, em educar para a democracia e o desenvolvimento. A minuciosa e apropriada exploração do mundo das redes, a busca por inferir interpretações que inspiram novas visões sobre a sociedade propiciadas por sua leitura, provocam nossa forma de pensar, agir e certamente contribuirão para transformações futuras.

 

* Vera Regina Naliato Maganha é professora da rede estadual de São Paulo e uma das coordenadoras do projeto “Rádio R2A?! A Rádio da Escola Rodrigues Alves”.

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