Alunos do Curso Técnico de Telecomunicações, do Colégio Estadual Hebe Camargo,
durante aula integrada de educação física e matemática (Crédito: Peterson Soares)
 
A conexão entre as disciplinas técnicas e o currículo convencional tem se mostrado uma preocupação atual de algumas instituições que oferecem o Ensino Técnico Integrado ao Ensino Médio (Etim). Os educadores se esforçam para que os alunos não tenham mais a impressão de estarem fazendo dois cursos isolados.
 
No Colégio Estadual Hebe Camargo (RJ), por exemplo, os professores do curso de Telecomunicações se reúnem todas às quintas-feiras à tarde para discutir o planejamento integrado das disciplinas. “O objetivo é que as disciplinas sejam passadas de forma concomitante e que o aluno consiga entender que um mesmo problema pode exigir o uso de habilidades diversas”, explica a diretora da escola, Luiza Gouveia. O curso é uma parceria do Instituto Embratel e da Fundação Xuxa Meneghel com a Secretaria de Educação do Rio de Janeiro.
 
A aluna Maria Eduarda Santos de Almeida, estudante de Administração no Instituto Federal do Rio Grande do Sul, em Osório (RS), também reconhece melhorias em relação à interdisciplinaridade. “Na minha escola há muitos trabalhos integrados, como teatros e seminários, nos quais somos desafiados pelos professores a juntar conhecimentos de várias disciplinas. Já fiz um trabalho que integrou português, gestão de pessoas, contabilidade e matemática”, relata. 
 
Pensamento crítico
Além dos saberes instrumentais, a capacidade de analisar problemas e questões sociais de forma crítica tem ganhado espaço nos Projetos Políticos Pedagógicos de alguns cursos. No Colégio Hebe Camargo, a disciplina Projeto de Vida abarca desde orientações para quem quer cursar uma faculdade até fóruns de discussão entre alunos. “As áreas de sociologia e filosofia são integradas para discutir problemas da atualidade”, pontua a diretora.
 
“Os cursos técnicos, em menor ou maior grau, colocam os alunos diante de situações-problema que solicitam, individual ou coletivamente, capacidade de análise e tomada de decisão”, acrescenta o coordenador da unidade do Ensino Médio e Técnico do Centro Paula Souza, Almério Melquíades.
 
Passaporte para a universidade
A capacitação profissional nem sempre é o principal motivo que leva os jovens a escolherem o Etim. Para Alecssandro Pereira Bareto, estudante de Administração na Escola Técnica Estadual (Etec) Parque da Juventude, em São Paulo (SP), o curso técnico é um passaporte para a universidade. “O motivo da escolha foi a oportunidade de trabalhar e me sustentar financeiramente durante o período da faculdade”, conta o jovem, que pretende agora cursar engenharia elétrica.
 
Já para Maria Eduarda, o curso técnico foi a oportunidade de cursar um ensino médio de melhor qualidade. “Eu morava em Maquiné, uma cidade pequena que, na época, possuía somente uma escola de ensino médio. Por isso optei por estudar em um Instituto Federal na cidade vizinha, em Osório. Meu objetivo nunca foi ser técnica”, esclarece. “Aqui, temos contatos com muitas matérias e áreas diferentes, o que possibilita um leque maior de possibilidades na hora de escolhermos uma profissão, mesmo que não sigamos na área”, justifica.
 
Sobrecarga de trabalho
Segundo estudantes da Escola Técnica Estadual Parque da Juventude, Gabriel Pinheiro e Kelvim Moitinho, a intensa rotina de estudos é o principal problema enfrentado pelos estudantes do técnico. “Falta tempo para assuntos pessoais, pois o Etim nos exige um grande esforço para entregarmos todos os trabalhos”, opina Moitinho. 
 
A mesma opinião é partilhada por Luis Gustavo Gmeiner, da ETEC Professora Maria Cristina Medeiros, de Ribeirão Pires (SP).”O acúmulo de atividades traz um cansaço excessivo, tornando às vezes difícil continuar o curso”, confessa. Para eles, a organização da rotina escolar é fundamental nos períodos mais puxados.
 
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Atualizada em 22/8 às 16h11
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