Elaborar um projeto pessoal que possa fazer diferença na sociedade e buscar recursos na internet já faz parte da realidade brasileira. Em funcionamento desde janeiro deste ano, o Catarse é o primeiro site de crowdfunding para projetos criativos do Brasil e já arrecadou R$ 80 mil, beneficiando cinco projetos. Apesar de a prática de financiamento colaborativo ser antiga, seja por meio de fundos de investimento ou das famosas rifas, as suas possibilidades estão aumentando através das redes sociais, que auxiliam no engajamento de mais pessoas em torno de um projeto.

Mauro Panini

Diego Reeberg e Luís Otávio Ribeiro

Esse sistema, já consolidado fora do país, ganhou forma no Brasil pelas mãos dos estudantes de administração Diego Reeberg, 23 anos, e Luís Otávio Ribeiro, 22. Um exemplo de projeto que conseguiu fundos via o Catarse é o Cidade para Pessoas, da jornalista Natália Garcia. Com os R$ 25.785 (30% do valor que ela precisa levantar) captados nos dois meses em que ficou no site, Natália vai passar um ano viajando por 12 cidades do mundo para levantar dados sobre políticas bem-sucedidas de transporte público. Sua viagem renderá reportagens sobre o tema, que ela divulgará em parceria com veículos nacionais.

Os doadores de Natália também terão acesso ao material que ela levantar de diferentes formas: de um e-mail semanal com uma compilação do conteúdo produzido pela jornalista (para quem doou R$20) até um dossiê completo sobre cada cidade estudada, com dados, pesquisas e contatos interessantes (para quem doou mais de R$ 1.000). Essa recompensa, porém, varia de projeto para projeto e é estipulada pelo proponente.

Mas um mecanismo que está em construção pelos donos do site permitirá que aqueles que doaram possam acompanhar o desenvolvimento das iniciativas, aumentando assim a sinergia entre os envolvidos. “Confiança e transparência são as chaves para a arrecadação”, aponta Reeberg.

Como funciona o Catarse

Parceria e sucesso

Reeberg conta que empreender sempre foi sua ideia original, principalmente com serviços na internet. “Concluí que seria mais fácil pegar uma ideia bem desenvolvida fora do país e adaptar para a realidade brasileira. Quando conheci o Kickstarter, uma plataforma de crowdfunding americana, vi ali uma boa possibilidade”, conta.

Ele e o sócio começaram a desenvolver o conceito do Catarse ainda em 2009, nos corredores da Faculdade Getúlio Vargas, em São Paulo. Mas foi em abril do ano passado que definiram o que viria a ser o site.

Nem tudo foi fácil. Os dois quase abandonaram o projeto depois de enfrentar problemas com o programador contratado para criar a plataforma. Nesse momento crucial, estabeleceram uma parceria com a empresa de soluções para internet Softa, do também jovem empreendedor Daniel Weinmann, 28 anos. Agora pensam em formas de ampliar o negócio.

Números do negócio

Se o lucro ainda é pequeno, o otimismo é grande. “O conceito de crowdfunding no Brasil ainda é recente, e a falta de adequação das propostas com o objetivo do site deve mudar, até pela análise dos projetos bem-sucedidos”, conta Reeberg.O Catarse cobra uma taxa de 5% do total arrecadado. Como o número de projetos e de doações cresce à medida que mais pessoas são sensibilizadas pelo conceito do crowdfunding, eles prevêm, ao analisar a progressão do site, que logo terão lucros interessantes.

Mas os sócios não vão se limitar ao Catarse. Eles querem oferecer também tecnologia para outras plataformas de financiamento colaborativo. “Outras experiências estão nascendo e queremos contribuir com elas, ajudando a melhorar o mercado: é o conceito de ‘coopetição’, que é quando há cooperação entre competidores, tendo em vista um objetivo em comum”, diz Ribeiro.

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