Matéria Rima oferece aulas de dança para estudantes de
Diadema (SP) (Crédito: divulgação)

 O hip hop é uma cultura urbana que tem como elementos o rap, a dança, o grafite e a discotecagem. O movimento, que tem força com a juventude das periferias, é utilizado como uma potente ferramenta pedagógica por ONGs como a Matéria Rima.  O projeto – que ganhou o 11º Prêmio Itaú Unicef na categoria nacional –  atende 15 escolas e 900 crianças da rede municipal de ensino de Diadema (SP).

O Matéria Rima surgiu em 2002, mas antes disso já era uma ideia na cabeça do jovem MC Joul. "As dificuldades que tinha em aprender, o bullying que sofria, a metodologia de ensino ultrapassada e o ambiente hostil da escola o fizeram desgostar (sic) do ensino formal e, pior, quase ir para a marginalidade. Mas ele se encantou com as letras e rimas fortes do rap, foi quando começou a escrever e a ler muito”, conta a coordenadora pedagógica do Matéria Rima, Joseane Silva.
 
“Nosso objetivo é articular os saberes da escola com o saber da rua, tornando essa escola mais alegre, justa e humana e, de quebra, aliar as matérias curriculares aos elementos do hip hop”, resume. 
 
O Matéria Rima trabalha com propiciar vivências culturais e educativas na comunidade escolar. “Levamos às escolas equipamentos de som, microfones, tintas de spray, telas, entre outros materiais. Nossas vivências são documentadas com plano de trabalho que entregamos às equipes diretivas das escolas, para que elas possam incluir nos seus PPPs”, descreve Joseane.
 
O projeto oferece ainda aos professores e coordenadores pedagógicos uma cartilha e o DVD "No Ritmo da Aula", elaborados a partir das matérias curriculares e dos temas transversais a serem trabalhados em sala de aula. No canal do YouTube, eles ainda compartilham clipes musicais que abordam disciplinas como matemática, geografia e literatura. 
 
Voando alto
Outra ONG que tem aliado educação e hip hop é a Gerando Falcões, com sede em Poá (SP). O MC Lemaestro percorre as escolas da região com palestras musicadas que abordam a importância da educação. “Falamos ao jovem que ele conduz a sua vida. Que ostentar é aprender e que a saída para uma vida melhor está no aprendizado, não no cordão de ouro”, explica o rapper, que foi nomeado pelo Fórum Econômico Mundial como um dos brasileiros que podem mudar o mundo.
 

MC Lemaestro, do Gerando Falcões: “falamos o mesmo que os pais, mas num
ritmo que os jovens se identificam” (Crédito: divulgação)
 
As letras ainda abordam temas da realidade do estudantes, como drogas, álcool, sexualidade, bullying e violência, cantados a partir da vivência dos próprios MCS. “Por exemplo, temos hoje no grupo uma menina que conhecemos visitando uma escola, quando ela sofria bullying. Hoje, ela narra a sua experiência em suas canções para outros jovens”, revela Lemaestro.
 
A linguagem da rua
Mas, afinal, qual a vantagem de utilizar o hip hop na aprendizagem? “O rap é um dos ritmos com mais penetração nas comunidades carentes. Na verdade, falamos a mesma coisa que muitos pais e professores também falam, mas com o ritmo que os jovens ouvem e se identificam. Essa é uma vantagem”, opina Lemaestro.
 
Para Joseane, é importante utilizar essa cultura nas escolas das periferias dos grandes centros. “O próprio hip hop nasceu de movimentos de resistência nas periferias, onde estão os menos favorecidos. Quando se trabalha o hip hop a favor da aprendizagem, coloca-se essa cultura no lugar que é dela, a favor dos territórios educativos. As crianças e os jovens crescem fazendo uso de sua capacidade de pensar, de indagar-se e indagar, de duvidar, de experimentar”, defenda Joseane. 
 
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