Os jogos educativos provam, dia após dia, seu potencial nas salas de aula. Através de um enfoque lúdico e divertido são transmitidos conteúdos curriculares e desenvolvidas habilidades diversas. E quem pensa que só crianças podem aprender de forma lúdica se engana. Um exemplo é o game Ilha do Empreendedor, da Insolita Studios, desenvolvido para diversos públicos, e que pode ser utilizado desde o ensino fundamental até cursos de pós-graduação e especialização.

Winston Petty, responsável pelo desenvolvimento do jogo, conta que a ideia nasceu dentro da própria Insolita Studios, ao contrário de muitos jogos educativos que são feitos a pedido de um cliente em específico. Dentro do universo da ilha, o mercado está numa situação promissora, propícia para se empreender. O objetivo, então, é se tornar o maior empresário do local.

Mas se tornar um empresário de sucesso não é fácil na vida real e, portanto, nem na Ilha do Empreendedor. Para se abrir um negócio, por exemplo, o jogador deve seguir os passos já conhecidos por quem empreendeu na vida real, como Análise de Oportunidade, Planejamento Inicial, Aquisição de Recursos etc. O diferencial do jogo, então, está em tornar esse processo mais intuitivo, o que, com o acompanhamento pedagógico do professor, forma um conhecimento no jogador sobre as ferramentas do empreendedorismo.

Conceito ambicioso

Winston Petty conta também que o Ilha do Empreendedor parte de um conceito ambicioso, uma vez que foi feito para salas de aula e workshops. Devido a essas características, o jogo não está disponível para jogadores individuais. A proposta dele é toda voltada para modos de jogo multiplayer.

Um diferencial do game está também justamente no embasamento teórico que permitiu a realização do projeto. Para falar com propriedade sobre os assuntos abordados, o desenvolvimento do jogo contou com a participação de especialistas, que contribuíram em duas frentes. Na frente de empreendedorismo, trabalhou o professor José Dornelas, autor de vários livros na área e reconhecido especialista no tema. Já na frente de jogos e cultura, foi chamado o professor Roger Tavares, que fez a ponte entre o jogo e a sala de aula.

Roger Tavares

Roger Tavares é um “jogador das antigas” que seguiu carreira acadêmica na área

Criando uma linguagem

Roger Tavares se define como um “jogador das antigas”. Seguiu carreira acadêmica, pesquisando jogos educativos, e trabalha com eles há pelo menos 10 anos. Ele conta que, no Brasil, a indústria de games é ainda emergente, e, portanto, necessita do apoio governamental. O governo, por sua vez, não tem interesse em investir em games de entretenimento. Vem daí grande parte do estímulo para o desenvolvimento de jogos educativos. A diferença fundamental entre esse gênero e os jogos de entretenimento é o trabalho conceitual que o jogo educativo pode desenvolver, quando bem sucedido.

No Ilha do Empreendedor, Tavares também contribuiu na confecção de um material paradidático, que consiste em um manual voltado para o educador ou facilitador. Muitas vezes, o educador não possui tempo para estudar o jogo e formar planos para a sala de aula, além de não ser familiarizado com o mundo dos games. O manual facilita esse trabalho, ao propor atividades e possibilidades para o uso em sala de aula.

Mas o maior desafio foi a preocupação em fazer um jogo para todos. Ele adverte que não se trata de infantilizar o usuário. Mas em despertar, antes de tudo, o lúdico e o divertido, o que às vezes pode parecer distante em se tratando de públicos mais experientes. Para isso, explica, não há fórmula pronta: “Ao se fazer um jogo de luta, por exemplo, existe uma linguagem já mais ou menos estabelecida, que se bem apropriada, e se o desenvolvimento for criativo, é quase garantia de sucesso. No jogo educativo, não há essa linguagem. Está todo mundo aprendendo ainda como fazer, então acho mais desafiador”.

Divulgação

O jogo é oferecido para diversas turmas, e isso gera uma competição saudável

Nas salas de aula

Todo o trabalho no desenvolvimento, porém, é recompensado quando o jogo chega às salas de aula. Quem diz é Daniel Garcia Correa, coordenador do núcleo de empreendedorismo do SENAC-SP: “Os jogos trazem uma energia muito legal para a sala de aula”. Ele continua, afirmando que os alunos se interessam muito mais pelo conteúdo depois de terem jogado, “pois querem entender o que aconteceu nos jogos”, pontua.

Por se tratar de um jogo que trabalha principalmente com as etapas de criação de uma empresa, como captação de recursos, identificação de oportunidades e análise de ideias, o “Ilha do Empreendedor” dialoga diretamente com o projeto educacional do SENAC, que procura oferecer uma formação empreendedora consistente, integrando o que a instituição chama de “Sistema de Educação Empreendedora”.

O SENAC-SP utiliza o Ilha do Empreendedor em alguns de seus cursos técnicos ou de graduação, e os resultados são excelentes. Daniel também destaca que essa ferramenta vira assunto de discussão entre as diversas turmas, e isso traz “uma discussão de conteúdos e estratégia muito saudável”.

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