Mais do que um evento que reúne jovens estudantes com perfil pesquisador de todas as regiões do país, a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) é uma oportunidade para esses jovens apresentarem ao público geral soluções que visam beneficiar a sociedade e que foram desenvolvidas nos espaços de ensino-aprendizagem.
O conceito de transformar o aprendizado em experiência prática que tenha força para ir além das salas de aula formais e informais é algo extremamente valorizado e disseminado também pelo Instituto Claro, o qual aceitou com entusiasmo a proposta de parceria com a Febrace.
“Acreditamos muito nas ideias e na força desse evento, pois além existir uma troca intensa entre os estudantes, conhecemos diversas inovações que podem ir para o mercado, podem ser absorvidas pelas empresas e podem mesmo melhorar o dia a dia das pessoas”, destacou a vice-presidente do Instituto Claro, Carime Kanbour, durante a abertura da feira, em São Paulo.
Maíra Soares
Carime Kanbour, vice-presidente do Instituto Claro, observa projetos apresentados por estudantes
Em um pavilhão montado na área externa da Escola Politécnica da USP, as observações feitas por Carime a respeito do potencial dos projetos finalistas puderam ser confirmadas. Boa parte dos estudantes participantes da 8ª edição da Febrace tinham discurso afiado na ponta da língua, banners expostos nos stands e, em muitos casos, protótipos ou softwares para convencer os visitantes de que suas ideias podem ajudar a tornar o mundo melhor e mais prático para os habitantes.
Entre os 280 finalistas, escolhidos após uma seleção dos 1200 inscritos, projetos como o Baby Therm, o Óculos Mouse e o Energia dos Passos eram capazes, de fato, de convencer. E de impressionar.
O primeiro é um termômetro digital implantado em um bracelete que fica em contato constante com o corpo da criança realizando o monitoramento da temperatura. Após programado, ele emite, por radiofreqüência, um alarme caso o termômetro de mercúrio constate que o corpo atingiu a determinada temperatura para a qual estava programado. Os estudantes Juliana Mérida, 18, e Lincoln Fernandes, 18, ambos da Escola Técnica Estadual Henrique Lage (RJ), revelaram que há um ano se debruçam sobre o projeto.
Maíra Soares
Baby Therm, equipamento para acompanhar de longe a temperatura de bebês
Já o Óculos Mouse é uma invenção focada nas pessoas que possuem deficiência física ou motora. Um sistema de sensores foi desenvolvido para possibilitar que o cursor do mouse seja controlado pelos movimentos da cabeça. O “clique” também é feito através dos óculos quando o usuário pisca os olhos voluntariamente e aciona um pulso elétrico. A solução é de um grupo de alunos do Instituto Federal Sul-rio-grandense.
Nessa mesma instituição foi desenvolvido o projeto “A Energia dos Passos”, que mostra como um tênis pode ser utilizado para recarregar baterias (de celular, máquina fotográfica etc). Isso é possível graças ao desenvolvimento de um sistema capaz de gerar energia elétrica com o uso da energia mecânica utilizada por uma pessoa para se locomover.
De acordo com os estudantes desenvolvedores Renan Martins e José Augusto Castro, o dispositivo que gera a energia é colocado no solado do calçado e não causa qualquer desconforto. Uma saída para cabos padrões USB e mini USB permite a conexão com equipamentos para a recarga.
Carime Kanbour enfatizou a importância de as empresas se aproximarem dessas iniciativas. “O contato com este evento permite entender os jovens e o que eles propõem para um futuro próximo”, disse. A realização da Febrace pela USP, com coordenação da professora e engenheira Roseli de Deus, foi também ressaltada por Carime como fator que traz grande credibilidade para todos os que querem apoiar a feira e investir em alguma ação de empreendedorismo jovem.