Como a tecnologia pode transformar a escola e a aprendizagem? Uma das respostas está na personalização do ensino, de acordo com os representantes da AltSchool (Estados Unidos), Mohannad El-Khairy, e da Steve Jobs School (Holanda), Maurice de Hond. A dupla debateu o assunto no dia 4 de abril de 2017, durante o Transformar Educação. Para eles, a personalização permite que crianças de diferentes níveis e estilos de aprendizagem consigam se apropriar do conhecimento.  

“Tem um limite de personalização que a educação dita ‘tradicional’ consegue atingir. Isso é maximizado pela tecnologia”, defende Khairy. “A personalização não significa customizar todo o currículo ou investir em um trabalho individual, mas identificar atributos similares a um grupo. Alunos de diferentes idades, mas com o mesmo nível, podem trabalhar juntos, de forma colaborativa”, justifica.

O trabalho da AltSchool é pesquisar e desenvolver sua própria tecnologia educacional com ajuda de engenheiros de software e programadores. “Estamos invertendo a rota da tecnologia: aprender com os professores e alunos antes de implantar uma tecnologia em larga escala”, aponta El-Khary.

Entre os aplicativos desenvolvidos, está uma playlist, que lista atividades, exercícios e discussões propostas aos alunos de atividades para cada aluno. Ela gera dados que permitem aos pais e professores acompanharem o fluxo de trabalho do estudante, assim como as suas dificuldades. “A playlist oferece uma representação da curva da aprendizagem do aluno. É como sua identidade digital”, compara. Iniciativa similar ocorre na Steve Jobs School (Holanda), onde todas as atividades dos alunos são reunidas em um portifólio digital. O aplicativo permite agrupar vídeos, fotos e atividades realizadas numa mesma plataforma.

Suporte ao professor
Além da personalização, El-Khairy e Hond destacam que a tecnologia também transforma a escola quando oferece suporte ao professor. “A melhor educação é a mais acessível. Eu vivi os anos 80, quando tínhamos que ir às bibliotecas e universidades atrás de materiais de pesquisa. Hoje temos o Google, que facilita muito para o professor e para o aluno”, conta Hond.

A tecnologia e os dados gerados por ela também permitiriam, segundo o especialista, resguardar o professor de trabalhos burocráticos, deixando-o livre para se dedicar às crianças. “A tecnologia não substituirá o professor, mas irá apoiá-lo. Na nossa escola, as crianças interagem com o tablet, por exemplo, como interagem com um livro. Os professores ficam ao redor, prontos para ajudá-las e orientá-las quando necessitarem”, relata.
 

Aprendizagem e independência
Por fim, a dupla arrisca uma terceira resposta para a questão colocada no início do texto: a tecnologia é transformadora ao promover a autonomia do aluno. “Por exemplo, poderíamos monitorar e bloquear os sites que os alunos acessam, mas interferimos o mínimo possível. Precisamos confiar nesse estudante e lembrar que não estaremos ao seu lado quando ele estiver fora da escola. Então, concentrar-se e escolher o que irá acessar precisa ser uma escolha dele”, reforça Hond.

“O que percebemos é que a confiança trás mais vantagens que o monitoramente excessivo. Nesse sentido, é fundamental que o professor se identifique com essa abordagem para trabalhar na nossa escola. Que consiga confiar no aluno e apoiar a sua independência”, finaliza.
 

Mohannad El-Khairy (AltSchool) e Maurice de Hond (Steve Jobs School) durante o Transformar 2017 (Crédito: Leonardo Valle)

Veja mais:
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