Publicado em
27 de julho de 2016
Alunos dos últimos anos dos ensinos fundamental e médio de escolas públicas estão se tornando protagonistas na produção de tecnologia e inovações científicas, por meio de colégios técnicos ou convencionais. Na edição desse ano da Feira Internacional de Ciência e Engenharia (Intel ISEF), que ocorreu em maio, nos Estados Unidos, quatro dos sete projetos premiados da delegação brasileira eram da rede pública.
Um dos campeões foi o estudante Luiz Fernando da Silva Borges, que ficou com o primeiro lugar na categoria Engenharia Biomédica. Aluno do curso técnico integrado em informática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (IFMS – Campus Aquidauana), o jovem desenvolveu um novo método de controle de próteses de antebraço para pessoas que perderam o membro abaixo do cotovelo.
Para ele, a produção de iniciativas científicas pode ocorrer em qualquer escola pública do Brasil. “Precisamos acreditar mais na capacidade dos estudantes, investir tempo e recursos encorajando sonhos. Também é preciso reestruturar nossa métrica para desempenho escolar, que hoje só serve pra mensurar o quanto a criança consegue vomitar em um pedaço de papel, daquilo que engoliu durante as aulas”, defende. “Os professores devem incentivar estas práticas e os estudantes verem que a ciência não é algo abstrato, mas que pode ser realizada em seu próprio quintal”, pontua.
Iniciação científica
Opinião semelhante possui Ygor Requenha Romano, aluno da E.E.E.F. Murilo Braga, de Campina Grande (PB). O jovem desenvolveu um dispositivo que realiza um tratamento físico químico e microbiológico da água com energia solar, com o objetivo de atender comunidades remotas. Seu projeto ficou em terceiro lugar na Intel ISEF. “A cultura de iniciação cientifica ainda não é muito difundida na escola pública, mas acredito que esse cenário está mudando com as feiras cientificas como a Febrace, Fetec MS entre outras”, conta ele.
Dificuldades com recursos, contudo, foram vivenciadas pelos dois estudantes. Ygor contou com a ajuda de um amigo serralheiro para a construção física de seu projeto. Já Luiz Fernando conseguiu uma doação de aparelhos que captavam a atividade muscular. “Encontrei um vendedor em um website que, ao saber o destino dos equipamentos, não hesitou em doá-los a mim”, relembra. “Já a impressora 3D, peça-chave na prototipação da mão robótica, utilizei livremente nas dependências da escola”, conta.
Material reciclável
”A matemática é rainha e serva das ciências”, já dizia uma frase bastante difundida. Foi pensando em unir as duas áreas que a professora Daniela Vieira da Silva desenvolveu o projeto Laboratório Sustentável de Matemática no Colégio Estadual Hebe Camargo, no Rio de Janeiro. Lá, a matemática é aprendida e ensinada por meio de experimentos. O projeto ganhou o Prêmio de Educação Científica 2015 na categoria Ensino Médio.
Daniela aponta “força de vontade e apoio da direção da escola” como as duas medidas que ajudaram o laboratório dar certo. “Um grande desafio é a falta de financiamento, que contornamos utilizando materiais recicláveis e buscando alternativas de baixo ou zero custo”, finaliza.
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