“Já tivemos um momento em que pequenas diferenças – no caso, religiosas – provocaram uma onda de violência: a Idade Média. Assim, não precisamos imaginar o resultado de uma onda de intolerância, basta olhar a História. E a escola e a educação são fundamentais para evitar que esses processos se repitam na construção da paz”, enfatizou o professor da Faculdade de Educação de Harvard Fernando Reimers durante o Seminário Cidadania Global, ocorrido em São Paulo no dia 25 de setembro de 2017.

Segundo Reimers, estudos internacionais diversos mostram o aumento de posicionamentos fundamentalistas e de intolerâncias religiosa, racial e de gênero. “A ideia de que o outro pode ser quem ele quiser está diminuindo. Há pensamentos extremistas preocupantes. Contudo, essas pessoas precisarão conviver umas com as outras para mudar. Daí a importância da escola pública e da praça pública: são espaços que permitem que essas interações entre os divergentes aconteçam. Se o extremista ficar centrado na sua rede de amigos, nunca irá entender a necessidade de igualdade”, resumiu.

Desafiados por essa problemática, Reimers e sua equipe criaram um currículo completo voltado a empoderar crianças e jovens para a cidadania global (versão digital e para download). O material reúne propostas de atividades para todas as etapas de ensino, da educação infantil ao ensino médio, e está disponível gratuitamente nos sites da Fundação Santillana e da Editora Moderna.

As atividades propostas no currículo são práticas e dialogam com diversas disciplinas, como História, Literatura e Artes. “Esse currículo exige que a escola abra um espaço na sua grade para executá-lo. Seu objetivo principal é servir de provocação e exercício de imaginação para entender contextos e preparar esses jovens. Por exemplo, se uma criança não entender determinados eixos científicos, será difícil ela compreender sua relação com o consumo”, destacou. “Além disso, é um currículo voltado para direitos humanos e para respeitar e apreciar a diversidade. Para vê-la como uma fortaleza”, resumiu.

Nova ordem global
Ainda segundo o educador, dados do Fórum Global de 2017 apontam algumas tendências no cenário internacional preocupantes: desigualdade econômica, mudanças climáticas, polarização de ideias, dependência cibernética e envelhecimento da população. Essas tendências, quando interagem, podem gerar desemprego e instabilidade social, migrações, escassez de recursos e conflitos com consequências regionais. “Assim, é preciso empoderar estudantes para que eles contribuam com um futuro mais pacífico”, apontou.

Para Reimers, as ideias de supremacia religiosa e racial devem ser combatidas enquanto há tempo. “Outro exemplo histórico é o Nazismo. A instabilidade econômica fez com que um grupo que representava apenas 10% infectasse toda uma sociedade com um pensamento racista. Isso pode voltar a acontecer”, reforçou.

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