O livro “Cultura da Convergência” de Henry Jenkins – de forma fluida, interessante e envolvente – traz contribuições importantes para pensarmos a interação das crianças, adolescentes e adultos com as tecnologias digitais e telemáticas, na medida em que nos apresenta um olhar diferenciado para as distintas narrativas que vêm sendo produzidas. Na perspectiva de Jenkins, a lógica presente na cultura da convergência baseia-se em uma narrativa transmidiática, na participação e na inteligência coletiva. A participação que se configura pelos protocolos culturais e sociais é ilimitada, isto é, menos controlada pelos produtores midiáticos e mais controlada pelos consumidores de mídia.

Os internautas que interagem com os produtos midiáticos, letrados nesse universo, constroem e reconstroem novos discursos colaborativamente, potencializando a emergência de uma inteligência coletiva que para Pierre Lèvy é “globalmente, distribuída, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real” e “conduz a uma mobilização efetiva das competências”.
A narrativa transmidiática, defendida por Jenkins, se estrutura como uma nova estética para atender às novas exigências dos consumidores, que passam a ser mais críticos e produtores de conteúdo, na medida em que participam ativamente de comunidades de conhecimento, criando um novo universo mediado por múltiplos suportes midiáticos.
Dentre outros aspectos, isso favorece a emergência de consumidores críticos que vão além da recepção dos conteúdos midiáticos, mas tornam-se produtores de novos conteúdos. Os chamados fanfictions são um grupo que – através das interfaces comunicacionais – criam ficções usando personagens e universos dos conteúdos midiáticos. Por exemplo, usam fóruns e blogs para discutirem, construírem e reconstruírem as narrativas sobre determinada obra, como por exemplo, Harry Potter.
Nesse processo, entram em constantes conflitos as empresas que produzem e distribuem os discursos midiáticos, já que os fans ampliam os discursos relativos aos produtos e as empresas têm medo de perder o controle e os direitos autorais das suas obras, como jogos eletrônicos, livros, filmes, animações etc.
Esse é o universo trazido por Jenkins no livro. Convido os professores a imergirem e construírem novos sentidos para as tecnologias, em interlocução com Jenkins.
Boas leituras e muitos links.