Se até bem pouco tempo atrás, o manual do aluno do colégio Lourenço Castanho proibia o uso de celulares em sala de aula, o colégio deu um passo fundamental para a mudança de comportamento: excluiu a norma e realizou um curso sobre mobile learning para seus educadores. Agora sua utilização é permitida para fins pedagógicos, e a expectativa é que o aparelho se torne cada vez mais um aliado para a interação entre estudantes e professores na aprendizagem. São muitas as possibilidades de aplicação da mobilidade em sala de aula, como mostra reportagem publicada aqui no portal, e o desafio é justamente criar iniciativas consistentes que permitam a construção coletiva do conhecimento.

No curso realizado para professores do Lourenço Castanho, acompanhamos uma atividade prática no Parque do Ibirapuera, em que os educadores utilizaram tecnologias móveis em uma ação de mapeamento de pontos que pudessem ter relação com as disciplinas dos educadores envolvidos. Divididos em grupos de três pessoas, eles atuaram em diferentes regiões do parque.

Cada grupo recebeu um celular, munido de um localizador GPS. Com a ajuda de um aplicativo, que tinha um mapa com seis pontos demarcados, os professores precisavam passar pelos locais e fazer um registro fotográfico do que encontravam, testando suas habilidades de interação com o ambiente, visualizando seu progresso e marcando no mapa os horários em que os pontos pré-determinados eram visitados. Durante a atividade, o grupo também entrevistou uma pessoa do parque. O objetivo era fazer com que os professores explorassem o maior número de recursos dos aparelhos e pudessem relacionar as ações aos conteúdos pedagógicos.

O grupo que acompanhamos -formado por quatro professoras- começou apreensivo, enfrentando dificuldade para encontrar o primeiro ponto marcado no mapa virtual. Depois de familiarizadas com a ferramenta, a relação das educadoras com o aplicativo ficou mais dinâmica, e a ação foi realizada com maior desenvoltura. Os próximos pontos no mapa foram encontrados com rapidez, e elas puderam usar os outros recursos do celular, entre eles o mapa e a câmera fotográfica interna.

Professora de português, Camila Flessati afirma que a atividade a ajudou a ampliar os horizontes em relação ao uso da mobilidade na educação. “Se colocar no lugar do aluno é sempre enriquecedor. A habilidade de exploração que desenvolvemos hoje é uma ótima ideia para levar para a sala de aula”, conta. O grupo também propôs que, no uso em sala de aula, a estratégia de mapeamento seja mais direta, apontando para lugares que façam parte da área de interesse de cada disciplina.

Mobile learning na prática

Mauro Panini

Professoras fazem entrevista com Pedro, que trabalha como vendedor no parque há mais de 30 anos

Apesar de usarem recursos tecnológicos em sala de aula, a maioria dos professores do Lourenço Castanho teve no curso sua primeira oportunidade de trabalhar com o mobile learning em um contexto educativo. E a atividade no Ibirapuera já começou a render frutos. Na ação, Camila teve a ideia de usar um recurso semelhante em um ambiente relacionado às suas aulas, como o Museu da Língua Portuguesa. Dessa forma, os alunos terão a oportunidade de aprender, apontando os locais e as atividades que mais chamarem sua atenção durante a visita. Para Patrícia Pereira, professora de geografia, a atividade também pode ser interessante como forma de demonstrar na prática alguns dos conceitos de mapeamento.

Martín Restrepo, que atua como consultor de m-learning da Editacuja, foi o responsável pela atividade com os professores e diz que um dos grandes benefícios do uso da mobilidade é permitir que os professores se tornem criadores de conteúdo, além de poderem ser desenvolvedores de seus próprios aplicativos. “O interessante é levar ao aluno a oportunidade de sair dos muros da escola e explorar parques, praças, museus e outros espaços que também podem ser fontes de conhecimento.”

Ao final do curso, os professores da instituição devem ter projetos completamente desenvolvidos sobre o uso do mobile learning em suas aulas. A ideia é que eles comecem a ser aplicados já no primeiro semestre de 2012.

A mobilidade e o educador

Mauro Panini

Em sala de aula, Martín Restrepo orienta os educadores sobre como usar o m-learning

Diretor da escola Lourenço Castanho, Alexandre Abbatepaulo foi o responsável por trazer o curso para o colégio, visando a formação dos professores para a mobilidade. Um dos objetivos da ação é aproximar o educador de tecnologias com que os estudantes já estão familiarizados. “Quando os professores criarem projetos para usar a mobilidade, será muito motivador para os alunos, pois eles já têm grande contato com os aparelhos móveis.”No final do ano passado, o colégio também realizou uma campanha de incentivo ao uso de tablets entre os professores, subsidiando parte da compra dos aparelhos. Não está dentro do cronograma, porém, disponibilizar tablets ou aparelhos móveis para os estudantes. Alexandre explica que praticamente todos os alunos da instituição possuem celulares de boa qualidade e uma grande maioria também possui tablets.

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