A filósofa Terezinha Rios: "Professor precisa perguntar ‘pra que ensinar?",
não apenas ‘o que ensinar’?" (Crédito: Leonardo Valle) 
 
 
O que seria da história de João e Maria, se o passarinho não tivesse comido a trilha de pedaços de pão deixada pelos irmãos? Ou da história da Chapeuzinho Vermelho sem a presença do caçador? Esses relatos, explorados pelo autor Flávio de Souza no livro infantil "Que história é essa?" foi o ponto de partida da filósofa Terezinha Rios, da Faculdade de Educação da USP, para destacar a importância dos educadores na construção do futuro da educação. Terezinha ministrou a palestra "O tempo da escola no cenário de mudanças", no 3° Seminário de Educação Escolar Office Brasil, nesta terça-feira (9/8), em São Paulo (SP).
 
"Somos nós que fazemos a história, mas nem sempre acreditamos nisso. A gente acredita que a história é feita pro grandes personagens. Mas a história da educação está sendo traçada neste momento, registrada nas nossas reuniões e relatórios", explicou.
 
"Nosso tempo é o presente"
No samba "Rumo dos Ventos", Paulinho da Viola já cantava "vem chegando a luz de um novo dia. O jeito é criar um outro samba, sem rasgar a velha fantasia". Para Terezinha, assim como na letra do cantor, não existe mudança que não esteja apoiada em algo que não podemos reconhecer. "A mudança está contextualizada na vida, na cultura e na sociedade. Não precisamos temer", pontuou.
 
Para ela, entender o tempo como um cruzamento do passado, presente e futuro também é importante para contextualizar a escola frente a esse cenário de mudanças. "Quando falamos ‘no meu tempo não tinha isso’, estamos nos colocando no passado. Mas nós somos uma ‘trança de gente’. Eu sou o cruzamento da menina de sete anos que fui com a senhora de 80 anos que serei. A menina não foi abandonada, ela está aqui", ressaltou. "Dentro dessa perspectiva, o único tempo possível de viver é o presente. Esse é meu tempo, dos meus filhos, dos meus pais e dos meus alunos. O passado intercruza com o presente como memória e tradição, e o futuro como projetos", diferenciou.
 
E qual a importância dos recursos tecnológicos frente a esse cenário de mudanças vivido atualmente pela educação? Para ela, a tecnologia deve ser encarada como meio e como ferramenta. "A função da educação é criar humanidade. Assim, de nada adianta todos os recursos tecnológicos do mundo se o professor não tiver ética, não for gentil."
 
Para a filósofa, o professor deve não apenas se perguntar "o que ensinar" aos alunos. Mas "por que ensinar?". "Após essa pergunta, o ‘como ensinar’ é facilitado", finalizou.
 
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