Por que contemplar o audiovisual nos processos de ensino e aprendizagem? A pergunta não estava em uma pauta formal do Seminário Claro Curtas, que culminou com a premiação dos vídeos vencedores do Festival Nacional de Curtíssima Metragem Claro Curtas, na última terça, dia 23, no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo. Ela foi respondida espontaneamente pelos diferentes convidados que ocuparam o palco para debater sobre o tema “Educação Audiovisual | Audiovisual na Educação”.

Cineclubistas, professores, pesquisadores, jovens educadores, gestores culturais: representantes desses segmentos estiveram nas mesas “Olhar e Pensar” e “Empreender e Aprender” e concordaram que o audiovisual é um caminho para a invenção coletiva, que ganha cada vez mais possibilidades diante da simplificação dos processos de produção e difusão, com a popularização das tecnologias digitais.

Ao partir deste ponto comum, entretanto, as visões foram múltiplas. Para Marco Del Fiol, coordenador do Projeto Laboratório – Experimentações Audiovisuais, do Claro Curtas, o audiovisual entra na sala de aula para criar espaços de experimentação que não costumam existir nas instituições de ensino. “Sala de aula, infelizmente, não é lugar para experimentar”, afirmou ele, em tom crítico. Sob premissas como empoderamento, reflexão crítica, autonomia produtiva e criativa, Del Fiol conduz o projeto que incentiva estudantes e educadores a fazerem vídeos que possam expressar temas subjetivos e que não estejam necessariamente relacionados às disciplinas do currículo.

Um dos mais jovens integrantes da mesa “Empreender e Aprender”, Samuel de Castro, seguiu linha parecida à de Del Fiol ao relatar que o projeto Querô nas Escolas, que realiza um trabalho junto à rede pública de Santos (SP), engrenou a partir do momento em que os jovens tiveram liberdade para criar, para fazer seus roteiros partindo de temas que despertavam verdadeiro interesse neles, mesmo que precisassem fazer algum link com a realidade do dia a dia de estudante. “Até mesmo aqueles mais bagunceiros se envolveram”, revelou.

Confira abaixo o vídeo onde Samuel de Castro fala sobre acesso à produção audiovisual:

https://youtu.be/tyETGocJwnA


Caminho para uma formação ampla

Nos debates do seminário ficou claro ainda que colocar a mão na massa é a parte preferida nos projetos não somente para os estudantes, mas também para professores. “Adoro dar a máquina nas mãos dos meus alunos e ver, na prática, como eles se saem. A partir daí, eu vou orientando, eles vão experimentando”, diz a doutora em cinema pela USP, Moira Toledo.
Mas para que muitos jovens possam experimentar, é preciso haver incentivo, projetos e, para as ações serem duradouras, até políticas públicas que contemplem o audiovisual. Embora haja empreendedores, como Evandro Santos, também convidado do Seminário Claro Curtas, que conseguem implementar projetos como o Festival de Vídeo nas Escolaspor meio de parcerias e articulações que se principalmente pela dedicação e empenho dessas pessoas, o apoio institucional é sempre muito importante.

Superintendente do Audiovisual da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, Júlia Levy exemplificou projetos que nascem fora das escolas, mas que, por meio de parcerias entre as áreas da Cultura e da Educação, adentram as instituições de ensino. “Em dois anos de ‘Cinema para Todos’, levamos filmes brasileiros de diferentes gêneros para mais de 1.400 escolas e promovemos a formação cultural, além de difusão do nosso cinema”, conta Levy, que para este ano planeja oficinas de duas semanas de duração nas escolas participantes do projeto. As oficinas são parte das atividades do “Cineclube nas Escolas”, braço do programa que mobiliza e impacta a comunidade educacional das instituições credenciadas com produção de vídeos e curtas-metragens.

Conheça os vencedores

Na tarde marcada por intensos debates sobre Educação e Audiovisual, a premiação dos vencedores da terceira edição do Festival Claro Curtas encerrou o evento acrescentando novos vídeos ao acervo do Festival, iniciado em 2008

Categoria Livre

Comissão julgadora: “Fome de Tempo”, de Daniel Saraiva Rabanéa (Osasco, SP)

Júri popular: “Tempo para Ouvir o que Quero Dizer”, de Tatiana Bornato (São Paulo, SP)

Categoria Universitários

Comissão julgadora: “Julho”, de João Luis Michalzechen (Curitiba, Paraná)Júri popular: “Desconectos”, de Felipe Todeschini (Brasília, Distrito Federal)

Categoria ONGs, Pontos de Cultura e Cineclubes

Comissão julgadora e júri popular: “Brás Cubas-Delírios”, de João Paulo Miranda Maria (Rio Claro, SP)

Categoria Ensino Médio

Comissão julgadora: “A Segunda Lei da Termodinâmica”, de Francisco Schuller Isensee (São Paulo, São Paulo)

Júri popular: “A Cor do Tempo”, de Augusto Gowert Tavares (Pedro Osório, Rio Grande do Sul)

Leia mais:

Claro Curtas oferece material educativo para uso do audiovisual em processos de aprendizagem

Educação audiovisual popular no Brasil

Instituto Claro promove oficinas gratuitas de experimentação audiovisual na Bahia

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments

Talvez Você Também Goste

Confira 7 filmes para debater bullying na escola

Produções ajudam a identificar a prática e conscientizam sobre preconceitos que a motivam

Como usar fanfics em sala de aula?

Produção literária colaborativa de fãs estimula leitura e escrita entre jovens

Como utilizar a culinária afrodiaspórica no ensino de química?

Pratos como feijoada, acarajé e moqueca ajudam a abordar diferentes conteúdos da disciplina

Receba NossasNovidades

Receba NossasNovidades

Assine gratuitamente a nossa newsletter e receba todas as novidades sobre os projetos e ações do Instituto Claro.