Um mesmo problema ambiental pode ser causado por diversos fatores. Um exemplo é a contaminação das águas, que pode estar tanto vinculada ao uso excessivo de agrotóxicos na agropecuária quanto a microplásticos e substâncias químicas presentes no lixo descartado em rios.
Isso exige dos estudantes habilidades como criticidade e capacidade de entender uma situação de forma holística – por inteira.
Para estimular no ensino médio o pensamento crítico em relação a questões do meio ambiente, a química e professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC- Minas Gerais), Claudia de Vilhena Schayer Sabino, indica o uso do diagrama de Ishikawa.
A técnica usa um desenho no formato de “espinha de peixe” no qual os alunos podem estruturar causas ou consequências de um determinado problema em sua base, após refletirem e pesquisarem sobre ele.
“Assim, o ensino passa a ser reflexivo ao invés de informativo. O estudante consegue examinar diferentes pontos de vista e avaliar questões de uma perspectiva social e ambiental”, esclarece.
Confira, a seguir, mais sobre o uso da técnica com os alunos:
O que é o diagrama de Ishikawa?
Claudia de Vilhena Schayer Sabino: Também chamado de “diagrama de espinha de peixe”, “de causa e efeito” ou “Fishikawa”, ele é um desenho no qual se registra as causas de um evento. Na educação, pode ser utilizado para relacionar consequências ou impactos de um determinado processo, como de uma questão ambiental.
Quais as diferenças entre ecologia, sustentabilidade e meio ambiente?
Sabino: O meio ambiente envolve todas as coisas vivas e não vivas na Terra. A ecologia é o estudo das relações estabelecidas entre os seres vivos e destes com o meio em que habitam. Já a sustentabilidade é a capacidade de conservação de um processo ou sistema. Em outras palavras, meio ambiente é o espaço, ecologia é o estudo das relações existentes nesse local e sustentabilidade é o uso dele sem destruição.
Por que a utilização do diagrama pode auxiliar no ensino da educação ambiental?
Sabino: Ele desenvolve o pensamento crítico e holístico. O ensino passa a ser reflexivo ao invés de informativo. O estudante consegue examinar diferentes pontos de vista e avaliar questões de uma perspectiva social e ambiental. Além disso, são desenvolvidas diversas habilidades no processo, como resolução de problemas, raciocínio lógico, trabalho em equipe e aprendizagem autônoma.
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Por que utilizá-lo no ensino médio?
Sabino: Nessa etapa, os alunos devem ser capazes de diferenciar os problemas ambientais que afetam os ecossistemas, assim como entender condições que levam à perda de biodiversidade, incentivam desigualdades sociais e que favorecem a transmissão de doenças.
Como a atividade pode ser aplicada?
Sabino: Os estudantes são divididos em grupos e escolhem um problema ambiental, que pode ser da sua região. Na sequência, listam suas possíveis causas e consequências. Para isso, devem realizar pesquisa bibliográfica e discutir entre si as ideias que surgirem para encontrar o maior número possível de explicações. O próximo passo é construir o diagrama na forma de espinha de peixe, à mão livre ou no computador. Ao final, ele é apresentado para a classe em um seminário.
Poderia dar um exemplo de um problema ambiental utilizando o desenho de espinha de peixe?
Sabino: Quando se fala em contaminação ambiental, podemos listar o garimpo e atividades agropecuárias como as causas principais. Como secundários, destacam-se, respectivamente, a utilização de mercúrio e de agrotóxicos.
Crédito da imagem principal: mypokcik – iStock