O Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março, foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para conscientizar sobre a preservação dos recursos hídricos. O tema, contudo, é um desafio para o Brasil. Apesar de possuir 12% de toda a água potável do planeta, em um cenário onde 40% da população mundial não tem acesso regular ao bem, o maior desastre ambiental do país – a queda da barragem da cidade de Mariana, em 2015 – afetou, justamente, mais de 500 quilômetros de rios.
A boa notícia é que educadores atentos têm ganhado visibilidade internacional ao transformar o problema em matéria prima para o aprendizado. O capixaba Wemerson da Silva Nogueira e o amazonense Valter Pereira de Menezes alcançaram, respectivamente, o Top 10 e 50 do Global Teacher Prize 2017 – considerado o ‘Prêmio Nobel da Educação’ – com projetos sobre preservação da água.
Wemerson Nogueira leciona química e ciências na EEEFM Antônio dos Santos Neves, em Boa Esperança (ES). A chegada da lama vazada da tragédia de Mariana a uma cidade próxima angustiou os alunos do colégio. “Os estudantes tiveram a ideia de criar um filtro com materiais reciclados, areia e pedras para a comunidade atingida pelo desastre. Meu objetivo era contextualizar a tabela periódica a partir dos elementos químicos encontrados na água poluída, mostrando que ela não é um bicho de sete cabeças”, relembra.
Aproximadamente 50 alunos da 8ª série foram a campo colher amostras, entrevistar moradores e analisar a água em laboratório. “Chegamos à proporção necessária para potabilizar a água em 75%, permitindo que os moradores a reutilizassem para molhar plantações e lavar vasilhas, mas não ingeri-la”, assinala. Segundo Wemerson, o principal ganho do projeto foi permitir ao aluno aprender em um espaço não-formal. “Fizemos da natureza um laboratório de experiências e, na sala de aula, somamos e multiplicamos os conhecimentos adquiridos”, resume.
