Em entrevista, o diretor de Assuntos Corporativos da Claro e presidente do Instituto Claro, Antonio Britto Filho, falou sobre a criação da entidade e sobre o Portal, um dos projetos do Instituto. Para ele, a idéia de buscar no campo da educação algo que seja inovador e vinculado ao que a tecnologia está abrindo de caminhos está totalmente ligada ao negócio da Claro.

Britto vai além e reforça o papel colaborativo da iniciativa, que tem por missão fomentar e apoiar iniciativas que potencializem o uso das novas tecnologias de informação e comunicação para o desenvolvimento de oportunidades inovadoras, que façam da aprendizagem e da construção do conhecimento uma experiência interessante e lúdica. Para ele, esse é um esforço “que não nasce com a Claro, que não termina com a Claro e que se dá muito no sentido de construir um cenário onde as diversas experiências e ansiedades sobre esse assunto possam interagir”.

“O Instituto nasce sem mapa e sem manual”, explica o presidente. “Isso dá uma contribuição importante para que as pessoas o entendam como um local onde se tenta identificar experiências e conteúdos, de um lado, e onde se tenta discutir a qualidade, a aplicabilidade e o resultado dessa aplicação, de outro. No fundo, é um espaço aberto que só se preenche pela participação”.

 

Leia, abaixo, a íntegra da entrevista.

 

 

Como a trajetória empresarial e a atuação social da Claro culminam na criação do Instituto e qual o papel estratégico dessa criação?

Nós consideramos que a escolha feita pela Claro é três vezes natural. É natural que uma empresa da dimensão e com os compromissos da Claro assuma a responssssabilidade social como parte indispensável da sua própria atividade. Em segundo, é natural que a responsabilidade social e a atividade se voltem à educação, porque essa é uma idéia  presente em todo o grupo. E nós consideramos que, apesar dos progressos ocorridos ao longo das últimas décadas, essa continua sendo uma grande necessidade do país. O terceiro caráter natural da escolha é buscar no campo da educação algo que seja inovador, profundamente atualizado e vinculado ao que a tecnologia está abrindo de caminhos, porque esse é o nosso negócio e essa é imagem da Claro. Então, ter uma atividade de responsabilidade social no campo da educação e focada especialmente em abrir novos horizontes, novas oportunidades, novas possibilidades de aprendizagem pelo uso de novas tecnologias, para nós foi um caminho que se decidiu com muita naturalidade. Nós reconhecemos que a educação é uma causa muito bem assumida por centenas de empresas, pessoas e ONGs no Brasil. Ninguém isoladamente vai conseguir vitória nisso. O que a Claro quer é usar os seus instrumentos para convidar o mundo acadêmico, o terceiro setor, professores e estudantes para trocarem experiências, discutirem juntos caminhos e, na minha opinião, viverem juntos a emoção desta época que a gente está vivendo. É a época da quebra do paradigma de uma antiga educação e se sai para buscar o conhecimento por formas até há algum tempo inimagináveis.

E como se dá essa busca?

A gente tem profunda consciência de que esse caminho não tem mapa prévio. Ele vai ter que ser construído à base da própria descoberta que todos vão fazer. E qual é a situação que a gente encontra? É que as pessoas que estão andando por esse caminho têm poucos espaços comuns onde podem compartilhar os seus sucessos, as suas dúvidas, os seus fracassos, o que elas produzem e o que elas gostariam de produzir. Então a gente se deu conta de que essa área rapidamente está se povoando, mas é um lugar onde ainda não há muitas praças onde as pessoas se encontrem e interajam, se intercambiem e trabalhem em conjunto. Nesse contexto, o Instituto Claro não nasce com a idéia de que sabe ou de que vai ensinar. Ele quer ser um local virtual e em alguns casos físico onde quem sabe ou está tentando saber venha discutir.

A decisão de criar um instituto para concentrar essas ações se deu por quais motivos?

O Instituto decorre de uma leitura prévia à escolha da causa, a leitura de que a Claro tinha uma série de atividades que já desenvolvia no campo da responsabilidade social, mas numa empresa que trabalha em um setor como o nosso, com a velocidade e com a adrenalina do nosso, pareceu importante reunir aquelas iniciativas e criar um espaço onde a Claro pudesse pensar apenas a questão da responsabilidade social, que deve ter uma equipe própria, uma agenda própria, de modo a fortalecer essas práticas.

A educação é uma área com muitas lacunas e deficiências. Nesse sentido, quanto a Claro enxerga de obstáculo e desafio e quanto ela enxerga de oportunidade?

Olha, eu acho que o desafio ruim para qualquer instituto – e isso obviamente vale para o da Claro – é achar que pode muito ou achar que sabe muito. A gente começa tendo a certeza de que pode se somar a um esforço que não nasce com a Claro, que não termina com a Claro, e que se dá muito no sentido de construir um cenário onde as diversas experiências e ansiedades sobre esse assunto possam interagir. O primeiro desafio é não ter a ambição de descobrir pátria ou salva pátria. O segundo desafio é trabalhar de forma muito objetiva, muito precisa, nesse universo que é a questão da educação, para saber exatamente o que da educação que a gente pretende ajudar e até respeitando o fato de que outras empresas e outros segmentos da sociedade vêm apoiando maravilhosamente bem outras formas de educação, outras iniciativas de aprendizagem. Assumir que o seu espaço é esse e trabalhar dentro desse espaço. E qual é a oportunidade? O que vai gratificar a gente é primeiro se o Instituto servir para chamar a atenção desse campo novo, que, digo brincando, fica na esquina da rua da tecnologia com a rua da educação. Segundo, se a gente puder, chamando atenção para isso, ajudar a descobrir, a aperfeiçoar, a promover e a destacar pessoas, conteúdos e práticas que estabelecem a experimentação entre o uso da tecnologia e o objetivo da transmissão do conhecimento.

Que diferenciais o Instituto pretende trazer nos próximos meses e qual é o cenário de longo prazo?

As iniciativas do Instituto serão voltadas a cumprir com humildade e em parceria com o meio acadêmico e com o meio dos produtores a nossa finalidade, que é a de oferecer oportunidades de descobrir, promover, difundir e ajudar no aperfeiçoamento de pessoas e conteúdos voltados a essa busca de aproveitar tecnologias em favor da aprendizagem. A diferença do Instituto é estar muito focado nisso e enxergar essa temática sem a pretensão de distribuir manuais ou mapas. A gente quer ser um lugar onde se tenta construir, coletivamente, um pequeno mapa para trafegar nessa estrada.

Inclusive nem precisa ser só um, correto?

Obviamente! Aliás, essa é uma observação importante. Os primeiros meses em que se trabalha nisso, desde setembro do ano passado, revelam exatamente a existência de pessoas fantásticas, de experiências fantásticas. É comovente ver como tem gente trabalhando nisso e, portanto, a Claro tem de ter a humildade de saber que o seu esforço tem de permitir que isso que já existe transpareça, floresça, apareça e chegue onde tem de chegar.

Para o senhor, de que forma os atores desse universo – como professores, pesquisadores e estudantes – devem aparecer e ter voz na execução dos objetivos do Instituto?

De novo, eu acho que se o Instituto nasce sem mapa e sem manual. Isso dá uma contribuição importante para que as pessoas entendam o Instituto como um local onde se tenta identificar experiências e conteúdos, de um lado, e onde se tenta discutir a qualidade, a aplicabilidade e o resultado dessa aplicação, de outro. No fundo, é um espaço aberto que só se preenche pela participação. Uns virão para mostrar os seus conteúdos, outros virão para discutir como é que faz ou deixa de fazer, outros virão para criticar, outros para elogiar a experiência de terceiros.

Outros virão para experimentar!

Outros para experimentar! É o mais importante de tudo! Nosso sonho é poder identificar X pessoas que fazem, produzem, identificar um número ainda maior de pessoas que, sabendo desses conteúdos, procuram aplicá-los e, por último, identificar um número – o maior de todos – de pessoas que se beneficiam do que se produziu e se difundiu.

Em que cenário que o Instituto pode considerar que a sua missão estará bem sucedida?

Eu acho que, na mesma linha, de humildade e pragmatismo, uma missão dessas nunca fica bem sucedida, porque ela está sempre se abrindo e começando de novo. A menos que a gente combine que a tecnologia cansou e vai parar por aqui. Nós estamos jogando a corrida impossível, a tecnologia e nós. E no dia em que a gente dominar o que pode estar sendo feito hoje, algum garoto, de madrugada em casa inventa outra novidade e nós todos temos de correr atrás. Essa é uma história que não vai ter fim. Mas, como é que sabemos se estamos na direção correta? Em primeiro lugar, quando conseguirmos despertar o interesse de mais pessoas nesse assunto e, em segundo, quando identificarmos pessoas que tem experiências, contribuições, conteúdos interessantes. Terceiro, se pudermos levar esse conteúdo para quem difunde. Pode ser uma ONG de São Paulo, uma escola no centro do Rio ou uma professora isolada no campo do Rio Grande do Sul. Por último, e o mais importante: precisamos saber se isso tudo faz com que alguém adquira conhecimento ou aprenda a gostar de conhecer, aprenda a aprender se valendo dessas contribuições. Aí as conquistas já não vão ser mais do Instituto, vão ser dos parceiros que o Instituto trouxe para aquele cenário comum que estamos tentando criar.

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