Entre 2008 e 2013, o número de matrículas em cursos técnicos de nível médio cresceu 55,3%. Essa informação vem do Censo da Educação Básica, elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep). Esses cursos, também conhecidos como cursos de longa duração de educação profissional, têm entre 800 e 1400 horas de duração (cerca de dois anos).
Segundo uma pesquisa feita pelo Ibope sob encomenda da Confederação Nacional da Indústria, mais de 70% dos alunos formados em cursos técnicos conseguem emprego em até um ano após o término do curso, e conseguem aumentar sua renda em 24%, em média.
A educação técnica pode ser cursada por estudantes a partir do segundo ano do Ensino Médio e depois de finalizada a escola. A modalidade “formação intergrada”, que permite cursar os ensinos médio e profissionalizante ao mesmo tempo e na mesma escola, foi a que mais creceu nos últimos anos. Logo depois vem a modalidade “formação subsequente”, quando o aluno cursa o ensino profissionalizante após ter concluído o Ensino Médio. Por último, ainda existe a “formação concomitante”, na qual o aluno cursa o Ensino Médio em uma escola e o técnico em outra.
O aumento do número de matrículas na formação integrada sugere uma maior preocupação por parte de jovens com sua futura inserção no mercado de trabalho. Segundo as informações do Censo da Educação Básica, em 2008, 6,1% dos alunos do Ensino Médio cursavam, ao mesmo tempo, o Ensino Técnino. Em 2013, essa porcentagem aumentou para 7,8%.
Apesar desse crescimento, o ensino técnico brasileiro ainda é bastante pequeno se comparado ao de outros países. De acordo com dados do Centro Europeu para o Desenvolvimento da Educação Profissional, em 2010 os países da União Europeia tinham, em média, 49,9% de seus estudantes do nível secundário matriculados ao mesmo tempo no ensino profissionalizante. Na Áustria, Finlâdia e Alemanha, os três países com maior porcentagem de alunos, são respectivamente 76,8%, 69,7% e 51,5% dos alunos do ensino médio que se cursam o ensino profissionalizante ao mesmo tempo.
Para Marcio Guerra, Gerente de Estudos e Prospectiva da Confederação nacional da Indústria (CNI), essa diferença se explica pelo fato de que, nos países europeus, a educação técnica está mais inserida na trajetória da formação escolar. No Brasil, segundo ele, “ainda existe uma percepção de que o Ensino Superior e o Ensino Técnico de nível médio são excludentes, o que não é verdade”.
Para ele, o Ensino Técnico pode ser visto como um caminho mais curto para o mercado de trabalho. E, uma vez inserido, o aluno pode aproveitar uma oportunidade de se aprimorar por meio de um curso de nível superior. “Nos últimos dez anos, o mercado de trabalho gerou mais emprego em níveis técnicos do que em nível superior”, comenta ele.
O Censo da Educação Básica apontou que mais da metade (58,6%) das matrículas em cursos técnicos de nível médio se concentram nos dez cursos mais procurados. No ano de 2013, os cursos com maior número de matrículas foram, respectivamente, enfermagem, administração, informática, segurança do trabalho, mecância, agropecuária, eletrônica, edificações, contabilidade e logística.
Apesar disso, áreas que devem oferecer mais oportunidades de emprego no curto prazo são aquelas ligadas aos setores de bens de consumo, como técnico em alimentos, eletro-eletrônica e mecânica. Sobre o fato de que o curso com maior número de matrículas ter sido o de enfermagem, Marcio comenta que a área da saúde é sempre carente de profissionais, não apenas no Brasil, mas também em outros países do mundo, como os Estados Unidos. O envelhecimento da população nos países desenvolvidos e em desenvolvimento é um dos fatores que contribui para isso.
Além do fato da procura ter crescido por mais oportunidades surgindo com as necessidades do país, Guerra também relaciona o aumento ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Para ele, o programa teve um papel importante na expansão da oferta de formação desse nível. Criado pelo Governo Federal em 2011, o Pronatec tem como objetivo ampliar o acesso ao Ensino Técnico por meio da oferta de cursos gratuitos.
Marcio ainda afirma que profissionais de nível técnico são de grande importância para o mercado porque ajudam o desenvolvimento da produtividade e da eficiência dos processos de produção no país.